"Não dá para tapar sol com peneira": juiz manda transferir Maníaco da Cruz
Dyonathan Celestrino está preso no Instituto Penal de Campo Grande e atualmente faz faculdade à distância
O juiz Caio Márcio de Britto da 1ª Vara de Execução Penal de Campo Grande pediu que Dyonathan Celestrino, mais conhecido como o “Maníaco da Cruz” seja transferido do Instituto Penal imediatamente.
Em 2008, o rapaz ficou nacionalmente conhecido por ter assassinado três pessoas em uma espécie de 'ritual macabro' e nos anos seguintes esteve envolvido em diversas confusões nas unidades penais que esteve.
Conforme decisão, a situação do interno está irregular e ilegal. “O estabelecimento penal onde se encontra, ainda que tenha local destinado à saúde, não é apropriado para receber pessoas acometidas por deficiência mental que não tenham sobre si qualquer acusação ou condenação criminal. Não há como ´tapar o sol com a peneira´, ou seja, se o Estado não dispõe de local apropriado para recuperação de doentes mentais, não pode introduzi-los no sistema penitenciário, especificamente na ala de saúde, porque lá não é local apropriado para recebê-los”, afirma juiza.
A situação, segundo o magistrado foi verificada em visita correcional e “ultrapassa o limite do razoável, tendo em vista o fato do interno não se encontrar, nem mesmo, na ala de saúde própria”.
O juiz então disse que o “Maníaco da Cruz” deverá ser imediatamente transferido para outro local, que seja diferente da unidade penal onde está.
A decisão é do dia 13 do mês passado e em resposta a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) revelou nesta terça-feira (5) que Dyonathan permanece no Instituto Penal de Campo Grande.
Por meio de nota a agência ainda informou que “já foi notificada, bem como a 2ª Vara da Família de Campo Grande e Coordenadoria das Varas de Execução Penal. A agência penitenciária aguarda decisão do juízo competente para as devidas providências”.
Sobre o interno, a Agepen ainda destacou que Dyonathan participa de atividades de reinserção, inclusive cursa graduação a distância em Gestão Ambiental. Também é acompanhado por uma médica psiquiatra da Secretaria Estadual de Saúde e por uma equipe multidisciplinar do setor de saúde da unidade prisional.
Mortes - Aos 16 anos, Dyonathan matou três pessoas. A primeira vítima foi um pedreiro Catalino Gardena, que era alcoólatra. O crime foi em 2 de julho de 2008. A segunda vítima foi a frentista homossexual Letícia Neves de Oliveira, encontrada morta em um túmulo de cemitério, no dia 24 de agosto.
A terceira e última vítima foi Gleice Kelly da Silva, de 13 anos, encontrada morta seminua em uma obra, no dia 3 de outubro daquele ano. Dionathan foi apreendido em 9 de outubro, seis dias após o último assassinato.
Ele chegou a fugir da Unei de Ponta Porã, no dia 03 de março de 2013, mas foi recapturado em 27 de abril 2013, pela Polícia Nacional do Paraguai, na cidade de Horqueta. O rapaz foi entregue à Polícia Civil de Ponta Porã e levado para a delegacia.
Depois veio para Campo Grande, onde ficou alguns dias na 7ª DP, e em seguida foi internado na Santa Casa de Campo Grande para exames. Durante o tempo em que esteve no hospital, ficou isolado e sob escolta policial e teve alta psiquiátrica no dia 23 de maio de 2013.
O jovem só foi encaminhado ao presídio após a Justiça rever a decisão e determinar a permanência dele em uma ala de saúde do estabelecimento penal.
No ano passado, Dyonathan teve alguns surtos no presídio, em um deles, ameaçou agentes penitenciários e se negou a voltar para a cela dele, desobedecendo diversas ordens.
Quando lhe disseram que iria à força, ele passou a xingar os agentes e a ameaçar todos que ali estavam com um garfo. "Quero ver quem vai me obrigar a entrar naquela cela", disse Dyonathan.
Depois, tentou atingir os agentes o garfo, socos e chutes quando eles o imobilizaram, o levando para a cela. Lá, ele passou a gritar: "eu mando na cadeia, eu mando no juiz, na promotora, eu dou Ibope pra TV".