PMs presos na 'máfia dos cigarros' são condenados de 8 a 10 anos de prisão
Os policias foram julgados nesta tarde (09) por uma junta militar na Vara da Justiça Militar Estadual de Campo Grande
Com penas que variam de 8 até 10 anos de prisão em regime fechado, foram condenados nesta quinta-feira (09) os sete policiais militares presos, durante a investigação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) que revelou a participação dos servidores no esquema da “Máfia dos Cigarros” em Mato Grosso do Sul.
O 3º sargento da Polícia Militar Alex Duarte de Aguir, 38, recebeu a maior condenação, 10 anos, 4 meses e 24 dias de reclusão. Enquanto o cabo Rafael Marques da Costa, 28, foi condenado 8 anos e 2 meses.
A dupla foi presa ainda em 1º de dezembro, após cobrar R$ 150 mil para liberar uma carga de contrabando de cigarros avaliada em R$ 1 milhão, que estava em um caminhão-baú na Rua Verdes Mares, no bairro Tarumã em Campo Grande.
No dia, viaturas da Rotac (Rondas Ostensivas de Ações de Choque),Rocam (Rondas Ostensivas com Apoio de Motos) e Choque, atuaram na mega operação. Seis dias depois os outros cindo policiais, todos do 10º Batalhão da Polícia Militar também foram presos por envolvimento no esquema.
Os cabos Eduardo Torres de Arruda, 37 anos, e João Nilson Cavanha Vilalba, 40, “pegaram” oito anos e seis meses, e nove anos e sete meses, respectivamente. Já os soldados Lucas Silva de Morais, 28, Walgnei Pereira Garcia, de 34 anos e o cabo Felipe Fernandes Alves foram condenados a oito anos e quase 5 meses de prisão. As penas são correspondentes aos crimes de sequestro e concussão (crime exclusivo de funcionário público que exige vantagem indevida).
A sentença foi proferida pelo juiz Alexandre Antunes da Silva, da Vara da Justiça Militar Estadual de Campo Grande, após cerca de três de julgamento.
Investigação
A investigação da Corregedoria da Polícia Militar, feita com apoio do Gaeco (Grupo Especial de Atuação e Repressão ao Crime Organizado), indica que os policiais usaram uma viatura da corporação para sequestrar, no dia 1 de dezembro, o motorista de um caminhão-baú carregado de cigarros vindo do Paraguai, por volta das 9h.
O motorista ficou em poder dos policiais até 19h40 daquele dia quando foi armado um flagrante, com a colaboração de um homem chamado Fábio Garcete, que já foi preso este ano por contrabando de cigarro e denunciou a cobrança para liberar a carga. O motorista da carreta, Rogério Fernandes Mesquita foi abordada na rotatória da saída para São Paulo, quando vinha da região sul do Estado, pela guarnição formada pelos cabo Vilalva e pelos soldados Moraes, Fernandes e Walgnei.
Conforme a vítima, os policiais, de cara, se apossaram de R$ 5 mil que estavam no veículo. Depois, à força, colocaram o motorista dentro da viatura e o levaram até o terceiro sargento Alex de Aguir, o policial de mais alta patente envolvido nesse episódio. Conforme a denúncia, Aguir estava em um carro particular, um Honda Civic, e exigiu a entrega das chaves e dos documentos do caminhão. Isso ocorreu, segundo descrito, sob ameaça “de dar um tiro” na vítima.
Na sequência, o motorista foi levado ao local do caminhão, onde o sargento exigiu que conduzisse o veículo até a Rua Verdes Mares, no bairro Tarumã. Lá, a ordem foi que Rogério entrasse no veículo de Alex de Aguir. Enquanto isso, os policiais que abordaram o motorista voltaram ao serviços, segundo a denúncia para não despertar suspeitas. Os cabos Eduardo Torres e Rafael Marques usaram veículos para fazer a vigilância da carga.
O cabo Torres e os outros quatro policiais envolvidos na cobrança de propina só são presos uma semana depois, no dia 7 de dezembro. O texto da denúncia explica que a detenção dos cinco policiais que não forma preso em flagrante ocorreu depois do reconhecimento deles pela vítima.
Como estava com uma carga de produto de entrada proibida no País, o motorista do caminhão acabou preso e levado para a Polícia Federal. Como atuou como informante, a situação de Fabio Garcete não está esclarecida.
O processo em que os policiais viram réus corre na esfera judicial militar. A partir de agora, vão ser ouvidas as testemunhas, primeiro de acusação, depois de defesa. Por fim, é feito o interrogatório e depois o caso vai para sentença. Os sete policiais estão no Presídio Militar em Campo Grande.