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Interior

Indígenas e sitiantes trocam acusações sobre incêndios em área de conflito

Produtores afirmam que até ponte foi queimada; povo guarani-kaiowá denuncia ataque a acampamentos

Por Helio de Freitas, de Dourados | 22/08/2024 11:45


Após alguns dias de aparente tranquilidade, a tensão voltou à área disputada por indígenas e produtores rurais no município de Douradina, a 190 km de Campo Grande. Os dois lados trocam acusações sobre incêndios que nas últimas horas atingiram a vegetação, palhada de milho e até uma ponte de madeira (veja o vídeo acima).

Segundo os produtores rurais, os autores do incêndio que provocou densa nuvem de fumaça seriam os indígenas, também na ponte de madeira entre os municípios de Douradina e Itaporã .

No local, os guarani-kaiowá reivindicam a demarcação do Território Panambi Lagoa Rica, de 12,1 mil hectares, identificado pela Funai (Fundação dos Povos Indígenas) em 2011, mas que teve o processo de demarcação suspenso pela Justiça Federal.

No dia 14 de julho, alegando estarem cansados de esperar pela demarcação, os indígenas retomaram mais três áreas de posse dos sitiantes, iniciando série de confrontos com pelo menos 12 membros da comunidade guarani-kaiowá e dois apoiadores dos produtores feridos.

A violência no local trouxe à Douradina a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, no início de agosto. No local, ela prometeu esforço do governo federal para resolver o impasse sobre as terras e pediu aos produtores o fim dos ataques.

Fogo em ponte - “Eles podem fazer o que eles quiserem. Eles destruíram o mundo aqui, acabaram com tudo colocando fogo. Eles colocaram fogo na ponte”, afirmou moradora em vídeo divulgado em grupos de aplicativo de conversa.

“É palhaçada o que está acontecendo no município de Douradina”, disse outro morador em vídeo gravado sobre a ponte. O homem aparece segurando uma mangueira de água, usada para apagar o fogo.

“Não respeitam a Força Nacional, não respeitam o direito dos agricultores que saem cedo para trabalhar. É palhaçada o que esses ‘índios’ estão fazendo”, protesta o homem. Nas imagens é possível ver um agente da Força Nacional uniformizado e usando capuz, a poucos metros da ponte.

Indígenas – Por outro lado, os guarani-kaiowá afirmam que são os produtores rurais os responsáveis pelos incêndios e denunciam novos ataques que teriam ocorrido nas últimas 24 horas. Barracos de ocupações mais antigas teriam sido queimados.

“Ataque através de fogo nos tekohas Yvyajere, Pikyxiyn e Kurupa'yty. Chegaram com sete camionetas e estão ali na fazenda. Estamos aqui atrás da árvore, escondidos”, afirmaram indígenas em áudios.

A Força Nacional de Segurança Pública mantém equipes no local para evitar confrontos. O número de agentes e de viaturas quase triplicou após os ataques do início de agosto. O Campo Grande News procurou o Ministério dos Povos Indígenas sobre os acontecimentos recentes e aguarda manifestação.

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