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Interior

MP investiga contrato de funerária dos Uemura com administração de Kayatt

Inquérito civil instaurado pela 1ª Promotoria de Justiça apura falta de fiscalização do cumprimento do contrato que vigorou de 2007 a 2012

Helio de Freitas, de Dourados | 04/02/2016 15:28
MP apura contrato firmado pela prefeitura com empresa dos Uemura quando Kayatt era prefeito (Foto: Roberto Higa/ALMS)
MP apura contrato firmado pela prefeitura com empresa dos Uemura quando Kayatt era prefeito (Foto: Roberto Higa/ALMS)

O MPE (Ministério Público Estadual) vai investigar a relação entre o município de Ponta Porã e a empresa Uemura e Cia. Ltda., que explora serviços funerários em várias cidades da região sul de Mato Grosso do Sul e até do Paraná. A empresa e sócios já estiveram envolvidos em duas operações da Polícia Federal realizadas em 2009 e 2010 em Dourados.

O objetivo do inquérito civil instaurado na 1ª Promotoria de Justiça do Patrimônio Público e Social da Comarca de Ponta Porã, cidade a 323 km de Campo Grande, é apurar o contrato que vigorou de 2007 a 2012, na gestão do ex-prefeito Flávio Esgaib Kayatt, atual deputado estadual pelo PSDB.

Conforme o edital publicado nesta quinta-feira (4) no Diário Oficial do MPMS, a investigação vai apurar a legalidade do termo de concessão para exploração dos serviços funerários e de cemitérios com a empresa Uemura e Cia Ltda.

Através do promotor Gabriel da Costa Rodrigues Alves, o Ministério Público quer saber se houve omissão deliberada do município de Ponta Porã em fiscalizar e exigir o cumprimento das obrigações pactuadas.

Kayatt foi procurado para comentar o inquérito do MP, mas sua assessoria informou ao Campo Grande News que ele está viajando. Ainda de acordo com a assessoria, o deputado está “ciente e acompanhando o caso”.

Operações – Os negócios da família Uemura com prefeituras e políticos já foram alvos de duas operações da PF. Em 2009, a Operação Owari levou empresários, secretários, vereadores e servidores públicos de Dourados, Ponta Porã e Naviraí para a prisão por esquema fraudulento de licitações e outras negociatas suspeitas envolvendo serviços funerários e fornecimento de medicamentos.

As negociações entre a Prefeitura de Ponta Porã e empresa dos Uemura já tinham sido alvos de investigações durante a operação, que levou 42 pessoas para a prisão há quase sete anos.

A PF apurou que em julho de 2007 a prefeitura daquela cidade da fronteira adiou um processo de licitação a pedido da organização de Sizuo Uemura. Gravações feitas na época revelaram que o cancelamento foi publicado no Diário Oficial do Município três dias após Eduardo Uemura comentar com seu pai, Sizuo Uemura, que a licitação seria cancelada.

O motivo do cancelamento, segundo a PF, foi porque a licitação não estava de acordo com as negociações feitas com o então vice-prefeito e secretário de Governo Eduardo Campos e com a secretária de Assuntos Jurídicos da prefeitura, Paula Consalter, mulher de Campos, que recentemente voltou a ocupar a Secretaria de Governo de Ponta Porã.

Em 2011 o Tribunal de Justiça trancou as ações originadas na operação por considerar ilegais as escutas telefônicas da PF que motivaram as prisões.

Uragano – No dia 1º de setembro de 2010, a Polícia Federal desencadeou em Dourados a Operação Uragano e prendeu vereadores, secretários municipais, empresários, assessores da prefeitura e o então prefeito Ari Artuzi, que passou dois meses na cadeia. Logos após renunciar ao mandato, ele ganhou a liberdade e morreu em 2013, de câncer.

Eduardo Uemura, filho de Sizuo Uemura e um dos principais executivos das empresas da família, é réu em um dos processos criminais oriundos da Uragano. Junto com ele foram denunciados o pecuarista Celso dal Lago Rodrigues, os empresários Edson Freitas da Silva e Neroni Maiolino Junior, o advogado Áureo Garcia Ribeiro Filho, Marcelo Marques Caldeira e Rodrigo Ribas Terra.

Em agosto de 2015, Celso dal Lago pediu o trancamento da ação penal por corrupção, mas o recurso foi negado pelo Tribunal de Justiça e o processo continua em andamento.

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