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Capital

Quadro ‘preso’ atrai visitantes para últimas horas de exposição no Marco

Anahi Zurutuza e Mirian Machado | 17/09/2017 17:00
Jorge de Barros analisa quadro Pedofilia (Fotos: Mirian Machado)
Jorge de Barros analisa quadro Pedofilia (Fotos: Mirian Machado)

Depois de ser apreendido e “ganhar a liberdade”, o quadro batizado de Pedofilia para os dois últimos dias de exposição em Campo Grande atraiu visitantes para no Marco (Museu de Arte Contemporânea), no Parque das Nações Indígenas. Na tarde deste domingo (17), assim que o espaço cultural abriu, aos poucos, curiosos foram chegando.

Alguns deles só ficaram sabendo da existência da exposição Cadafalso, da artista plástica mineira Alessandra Cunha, a Ropre, depois da polêmica levantada pelos deputados estaduais Paulo Siufi (PMDB), Herculano Borges (Solidariedade) e Coronel David (PSC), na quinta-feira (14), embora a mostra esteja a disposição desde junho.

É o caro do fotógrafo e arteeducador Agnaldo Alves, 55. “Eu não conhecida o trabalho dela [Ropre]”.

Agnaldo fez comentários sobre o trabalho. “O que ele queria era agredir, ela usou cores primitivas [amarelo e vermelho], cores carnais. É um trabalho supere laborado, pensado nos detalhes, desde as cores. É uma arte engajada”, afirmou depois de visitar a exposição.

O administrador Renato Damin, 30, também esteve no Marco na tarde deste domingo. Para ele, a atitude dos parlamentares e da Polícia Civil, que apreendeu o quadro por apologia à violência sexual contra crianças e adolescentes, foi exagerada. “Foi descabida, mas acha que realmente tinha de ter classificação etária”, comentou. Antes da polêmica, a exposição no Marco estava liberada para pessoas com 12 anos ou mais.

Renato revelou que estava próximo ao museu e que resolver entrar para ver com os próprios olhos o alvo de tanta divergência. “A exposição serviu para debater”, concluiu.

O artista plástico e ator Jorge de Barros, 54, aproveitou as últimas horas da exposição. “esses políticos pegaram carona nesta questão de proibição, sem ter conhecimento nenhum de análise de arte”, afirmou ao deixar a sala onde estão os quadros da artista mineira.

Jorge se refere ao fato da exposição Cadafalso estar à disposição há três meses e só na quinta-feira, depois de uma semana de debates sobre o encerramento da Queermuseu – Cartografias da Diferença na Arte Brasileira após protestos em Porto Alegre.

Uma funcionária do Marco, que pediu para ter o nome preservado, disse não ter números para provar, mas garante que o movimento no museu dobrou deste sábado (16), quando o quadro foi novamente exposto, para hoje.

Visitantes olhando outros quadros...
Visitantes olhando outros quadros...
Mais quadros da artista sendo apreciados
Mais quadros da artista sendo apreciados

O caso – A tela retornou ao Marco às 13h de ontem e está sendo exibido com classificação etária de 18 anos. Ontem, a exposição teve início às 14h e se encerrou às 18h, mesmo horário deste domingo. Assim, o público só pode ver o quadro durante oito horas depois de sua liberação.

A obra foi devolvida pelo delegado Fábio Sampaio para o secretário de Cultura e Cidadania, Athayde Nery, na sexta-feira (15), para que ele fosse fiel depositário, porém, a obra não voltaria a ser exposta, só apenas depois de decisão judicial.

Nery afirmou que conversou com os deputados Paulo Siufi (PSC) e Herculano Borges (SD), para que o quadro pudesse voltar a ser exposto. "O que faltava era diálogo. Conversamos e entendemos que a exposição da artista mineira Alessandra Cunha, precisava de uma classificação etária e foi isso que fizemos, colocamos na porta do Marco que só maiores de 18 anos podem visitar as obras da artista", argumenta.

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