Preso no Paraguai, Pavão foi avisado sobre buscas da polícia em cadeia
Advogada de narcotraficante brasileiro confirmou ter sido avisada sobre buscas feitas ontem em celas de outros presos, suspeitos de ajudar Pavão a negociar remessas de cocaína
O narcotraficante brasileiro Jarvis Gimenes Pavão, atualmente o maior fornecedor da cocaína boliviana para o Brasil, Europa e África, foi avisado sobre as buscas feitas na manhã de ontem (28) no quartel da Agrupación Especializada, grupo de elite da Polícia Nacional em Assunção, capital do Paraguai. De acordo com o jornal ABC Color, as buscas em celas de presos paraguaios e brasileiros que estão na mesma cadeia, evidenciam a rede de informantes que o narcotraficante mantém no país vizinho.
Laura Casuso, advogada de Pavão, foi uma das primeiras a chegar ao quartel do grupo de elite, “primeiro que muitos policiais, quando sequer tinha amanhecido”, afirmam fontes ouvidas pelo ABC Color. A própria advogada confirmou ter “informantes em todas as áreas”.
Recentemente, Laura acusou o presidente paraguaio Horácio Cartes de agir com crueldade contra seu cliente, para tentar intimidá-lo. No ano passado, Pavão disse que se fosse extraditado iria divulgar documentos que provariam a corrupção envolvendo o atual governo do Paraguai. “Não se pode tapar o sol com um dedo”, afirmou Laura Casuso.
Jarvis Pavão está preso na unidade desde julho do ano passado, após o governo descobrir um plano para resgatá-lo do presídio de Tacumbú, onde o brasileiro vivia com luxo e mordomia. Segundo o jornal, o mais influente do Paraguai, o narcotraficante teria sido informado das “buscas surpresas” na noite de quarta-feira (27).
Não era alvo – O Ministério Público e a Polícia Nacional, no entanto, alegam que a cela de Pavão não seria alvo das buscas. O promotor Hugo Volpe disse que a ordem judicial era destinada às celas do assaltante paraguaio Sergio Daniel Ramírez Aguilar, do ex-militar Arnaldo Aniano Martínez Riquelme, do pistoleiro Reinaldo de Araújo e dos membros do PCC (Primeiro Comando da Capital) Rodrigo Zapata, Thiago Ximenes, Valdecir Goncalves e Héctor Aruello.
Entretanto, segundo fontes da polícia paraguaia, desde o início a suspeita era de que o alvo das buscas seria o narcotraficante, que mesmo atrás das grades continua comandando a remessa de carregamentos de cocaína para o Brasil. Dois pedidos de extradição feitos pela Justiça brasileira já foram aceitos pela Justiça paraguaia e Pavão deve ser extraditado em dezembro deste ano.
Os sete detentos cujas celas foram visitadas ontem operavam para o “capo” brasileiro, ajudando-o a planejar novos golpes. Desde agosto deste ano a polícia paraguaia teme uma operação para resgatar Pavão da cadeia.