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Petrallás apoia mudança no estatuto da Federação, mas sem destituição de Cezário

Estevão entende que não é o correto tirar a gestão do presidente afastado com o mandato em curso

Por Gabriel de Matos | 18/07/2024 17:10
Presidente interino da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul, Estevão Petrallás, em entrevista (Foto: Paulo Francis)
Presidente interino da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul, Estevão Petrallás, em entrevista (Foto: Paulo Francis)

Diante do edital de convocação enviado pela junta governativa chamando para assembleia geral extraordinária no dia 25 de julho, o presidente interino da FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul) falou pela primeira vez sobre a situação. Ele se mostrou favorável às mudanças no estatuto previstas na pauta da reunião, mas contra a destituição da gestão do presidente afastado Francisco Cezário de Oliveira.

A assembleia está prevista para acontecer na Sala Maritaca do Grand Park Hotel, localizado na Avenida Afonso Pena, nº 5.282 - bairro Chácara Cachoeira. No edital, constam o nome de 20 clubes profissionais, oito clubes amadores e a Liga Treslagoense (amadora).

 As pautas da reunião serão atualizar os clubes filiados, mudar o estatuto, destituir a gestão do presidente afastado Francisco Cezário de Oliveira e convocar novas eleições. Estevão comentou cada ponto em entrevista na tarde desta quinta-feira (18).

Petrallás afirmou que não conta mais os dias à frente da FFMS e avaliou a convocação do edital. "Às vezes a gente não consegue falar na hora porque é uma correria na Federação. Mas está dando a impressão que o que não foi feito em 27 anos, querem que eu faça em 90 dias".

"Eu sou a favor dessa reforma estatutária, é um dos compromissos que nós firmamos naquela reunião no Hotel Turis. Me parece que eles colocaram a possibilidade de cassação da atual gestão Cezário. Eu honestamente acho um pouco abusivo, porque não acredito que tenhamos de condenar quem a Justiça não condenou", sintetizou Estevão.

Estevão Petrallás em entrevista ao Campo Grande News nesta quinta-feira (Foto: Paulo Francis)
Estevão Petrallás em entrevista ao Campo Grande News nesta quinta-feira (Foto: Paulo Francis)

Para Petrallás, esse não é o papel dos clubes em uma assembleia, porque pode ser uma situação impensada. "Essa reunião é positiva no sentido da reforma estatutária. Mas imagina o prejuízo que uma cassação pode trazer para os vices que não tem a ver com a Operação Cartão Vermelho. Eles podem até pedir uma reparação via judicial. Não podemos fazer uma 'caça às bruxas'".

A gestão eleita da Federação de Futebol conta com nove membros, Francisco Cezário e oito vice-presidentes. Entre eles, estão Estevão. Desde o dia 27 de maio, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) nomeou Petrallás para cumprir a função de dirigir a entidade por 90 dias. O prazo termina no dia 27 de agosto.

Estevão assumiu que há possibilidade da CBF aumentar o prazo da intervenção. Ele explicou que deve ir ao Rio de Janeiro (RJ) conversar com o presidente da CBF Ednaldo Rodrigues. Por conta dos compromissos da Copa América nos Estados Unidos, houve a demora em nova reunião.

Uma das mudanças com Estevão foi a nova sede da Federação de Futebol (Foto: Ida Garcia/FFMS)
Uma das mudanças com Estevão foi a nova sede da Federação de Futebol (Foto: Ida Garcia/FFMS)

Diálogos - Petrallás afirmou que não teve contato com o presidente Cezário desde a Operação Cartão Vermelho. "Até por uma questão jurídica, condicional do habeas corpus, não falei com ele. Temos um zelo quanto a isso. Porém, eu sei que o presidente da FFMS é ele, mas nós separamos tudo e até mudamos a sede".

Com os membros da junta governativa, composta por André Baird (Costa Rica); Iliê Vidal (Águia Negra); Bosco Delgado (Corumbaense) e Gilmar Ribeiro (Portuguesa) e Ítalo Milhomen representando o futebol amador; ele confirmou que tiveram algumas reuniões e conversas.

Ele explica que não houve negativa da Federação de Futebol em dar a lista com os filiados. O problema envolveu a falta de arquivos por conta da apreensão do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) na Operação Cartão Vermelho. Estevão reforçou que surgiram ideias boas nas conversas, mas que o trataram como um "funcionário dos clubes", sem ajudar com as solicitações.

Com o Operário Futebol Clube, onde Estevão foi presidente por oito anos e cumpria função no Conselho Deliberativo, ele brincou: "o Coronel Nelson reclama comigo todo dia que eu o abandonei".

Francisco Cezário de Oliveira sendo conduzido por policial do Gaeco (Foto: Henrique Kawaminami) 
Francisco Cezário de Oliveira sendo conduzido por policial do Gaeco (Foto: Henrique Kawaminami)

Fim da era Cezário? - Estevão Petrallás reconheceu que pode acontecer algumas possibilidades. Primeiro, que a CBF aumente o prazo de intervenção com base na sequência do processo contra o presidente afastado. Além disso, que possa haver uma condenação de Francisco Cezário. "O que precisa ficar claro é que Cezário tem mandato até abril de 2027, se não houver condenação".

Ele disse que a CBF acompanha as movimentações. "Então eu vejo uma preocupação muito grande ele continua presidente até o momento que a justiça se pronunciar. Pode ser que se mantenha afastado por conta da própria CBF".

"Se você perguntar, qual é o meu desejo? O meu desejo é que amanhã fosse 2027, Que eu terminasse isso por aqui, fizesse o meu trabalho e me despedisse, entendeu?", disse Estevão.

Por fim, ele também sinalizou que pode ter uma vontade no futuro de montar uma chapa e tentar presidir a Federação. "Eu não candidato, honestamente não sou, mas se eu pegar gosto, daqui a pouquinho serei candidato, porque eu confio nas pessoas que estão lá comigo".

Atual presidente da FFMS, Estevão reunido com os membros da junta no dia 21 de junho (Foto: Divulgação/FFMS)
Atual presidente da FFMS, Estevão reunido com os membros da junta no dia 21 de junho (Foto: Divulgação/FFMS)

Acordos e discordâncias - Além da discordância em relação a uma possível destituição de Cezário, Petrallás não concordou com alguns pontos listados na proposta da junta governativa para o novo estatuto. Primeiro, ele explicou que uma assembleia de três horas pode não ser suficiente para uma alteração significativa.

"Eles colocaram uma proposta com cinco pessoas com remuneração. Eu colocaria sem remuneração, porque aí não precisa dar expediente. Eu também não entendi o fato de integrantes da chapa terem cargos funcionais e de colaboração ativa. Nem de ter um diretor de futebol amador e não um de profissional".

Sobre a proposta de votação aberta, Estevão concordou parcialmente. "Acho correto, mas eu deixaria aberto ou não se a assembleia entender dependendo da pauta. As divergências seriam algumas modificações, não seria pegar um estatuto inteiro e copiar de outra federação. Mas a gente vai debater isso no dia 25".

Por fim, Estevão disse estar disposto a dialogar com os clubes e que quer caminhar ao lado deles. "Se entendenssem que o interino é interino, não estaríamos todos aqui. Juntos seria mais fácil".

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