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Capital

Artistas não passam pano e se dizem arrependidos de contratar feminicida

O músico Caio matou a jornalista Vanessa com 3 facadas; ele tinha longa ficha na polícia

Por Lucas Mamédio | 17/02/2025 15:48
Artistas não passam pano e se dizem arrependidos de contratar feminicida
Caio tocando teclado em apresentação musical (Foto: Reprodução)

A morte da jornalista Vanessa Ricarte, de 42 anos, se transformou não em pedra no sapato, mas em uma verdadeira colina na frente de muita gente que agora precisa se explicar. Falar que o culpado e único a ser responsabilizado pelo crime é o músico Caio Cesar Nascimento Pereira, de 35 anos, é falar o óbvio.

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A morte da jornalista Vanesa Ricarte, de 42 anos, gerou revolta e questionamentos sobre a responsabilidade de amigos e colegas do músico Caio Cesar Nascimento Pereira, acusado do crime. Muitos artistas expressaram choque e sugeriram boicote a Caio e seus amigos, destacando a necessidade de não separar o pessoal do profissional. O caso levantou debates sobre a negligência policial e a falência do sistema em proteger vítimas de violência doméstica. Artistas como Renan Stramandinolli e Pedro Fattori criticaram a convivência com o agressor, enquanto Du Mato refletiu sobre a construção social da masculinidade e a tolerância à violência contra a mulher.

Para além da negligência policial alegada pela própria vítima em um áudio angustiante onde ela parece estar sendo empurrada para morte, no circulo de convívio de caio muitos se perguntam como não perceberam nada.

O músico era conhecido por quase todos os colegas de trabalho. Renan Stramandinolli, produtor musical, expressou choque ao saber do histórico do agressor. "Eu já contratei esse cara várias vezes, ele esteve na minha casa, mas nunca soube de nada. Agora, algumas pessoas sabiam que ele tentou esfaquear a própria mãe. Se eu soubesse disso, ele nunca teria pisado nos meus eventos."

Pedro Fattori, do grupo Vozmecê, destacou que o envolvimento de Caio com drogas era conhecido, mas sua violência doméstica não. "Muita gente sabia das drogas, mas nunca se falava da violência. Precisamos boicotar e não separar o pessoal do profissional".

Namaria Schneider, também do Vozmecê, refletiu sobre capacidade de manipular do agressor para imaginar como ele pode ter mentido para os amigos. "Ele se relacionava com mulheres instruídas e manipulava quem estava ao seu redor. Muitos passam pano para o lado profissional. Agora, não coloco a mão no fogo por ninguém".

O artista Du Mato trouxe uma reflexão sobre a construção social da masculinidade. "Se pergunto se você conhece uma mulher vítima de agressão, a resposta é sim. Mas se pergunto se conhece um agressor, a resposta geralmente é não. Isso acontece porque a sociedade ensina os homens a desrespeitar e deslegitimar as mulheres. Essas microviolências diárias escalam para o feminicídio".

Por fim, Rafael da banda "On the Road" chegou a falar de Vanessa em uma de suas apresentações e resumiu a dor e a revolta pelo caso. "Vanessa é mais uma entre tantas mulheres que pediram ajuda e não foram protegidas. A violência contra a mulher não pode ser ignorada, relativizada ou tolerada. Vanessa não pode mais falar. Nós devemos falar por todas elas."

Entenda - A jornalista Vanessa Ricarte, que no dia 16 de fevereiro completaria 43 anos, havia procurado a Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) horas antes de ser assassinada, na quarta-feira, 12 de fevereiro. Lá, denunciou Caio por divulgação de imagens íntimas e também já estava com medo dele devido às ameaças.

Por isso, ela também pediu medida protetiva e, naquela tarde, seguiu até o imóvel onde morava a fim de buscar pertences até que Caio fosse notificado pela Justiça sobre a medida protetiva.

Mas não houve tempo. Discussão entre o casal ocasionou em tragédia e a jornalista foi morta pelo músico com três facadas no coração, na casa do Bairro São Francisco, na Capital. O amigo de Vanessa estava no imóvel e correu para ajudar, mas não deu tempo e a morte foi constatada.

Falha no atendimento - Após a morte, a polícia confirmou que Vanessa recusou ficar abrigada na Casa da Mulher Brasileira e não informou que retiraria pertences no imóvel. Contudo, áudio da jornalista enviado a um amigo após ser atendida pela Deam mostra que a própria polícia induziu ela a voltar para casa onde foi brutalmente assassinada. O delegado-geral da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, Lupérsio Degerone, afirmou que por orientação do governador do Estado, Eduardo Riedel (PSDB) e da Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública), foi instaurado um procedimento para apurar a situação.

O Governo do Estado de Mato Grosso do Sul admitiu, em nota, que há falhas na rede de proteção de mulheres vítimas de violência doméstica e que possíveis erros no atendimento que antecedeu a morte da jornalista Vanessa Ricarte.

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