Mutirão de limpeza tenta melhorar imagem do Hospital do Câncer
As denúncias de corrupção na administração do Hospital do Câncer, em Campo Grande, sujaram a imagem da unidade de saúde. As doações caíram e com isso, os recursos para serem utilizados no dia-dia diminuíram.
Para limpar a ‘cara’ do hospital, voluntários compraram produtos e colocaram a mão na massa neste sábado: Cerca de 60 pessoas limparam e pintaram salas, corredores e a área externa do local. “É diferente quando a aparência está boa”, comemora a funcionária pública Maria Cleonilda Freire de Menezes, 37 anos, que acompanha o pai uma vez por mês, desde fevereiro, nas sessões de quimioterapia.
O mutirão de limpeza e pintura é realizado por campistas católicos do Acampamento Bom Pastor, que tem como integrante a diretora financeira do hospital, Sueli Nogueira Lopes Telles. Ela conta que após as primeiras denúncias, as doações caíram, mas, as pessoas voltaram a ajudar.
De acordo com Sueli, com as últimas divulgações sobre a administração anterior, em uma semana, as doações caíram 40%. E para ajudar nas despesas, foi feito o mutirão. Um dos participantes justifica o envolvimento com a causa. “As pessoas que precisam de tratamento continuam precisando de ajuda”, fala o autônomo Antônio Ferreira Arcanjo, 54 anos.
Antônio soube do mutirão pela internet e foi ajudar. “O facebook me avisou, o coração falou mais alto e eu larguei tudo e vim para cá ajudar”, disse.
Para Sueli, além de contribuir para não baixar tanto o caixa do hospital, a ação deixa “o ambiente mais leve”.
Denúncias – Em março, o MPE (Ministério Público Estadual) levou à Justiça informações sobre suspeitas de irregularidades no local e pedir afastamento da direção que era composta por Adalberto Abrão Siufi (diretor-geral), Blener Zan (diretor-presidente) e Wagner Miranda (diretor-financeiro).
O Conselho Curador afastou provisoriamente a direção, depois a Justiça também deu a mesma determinação e mandou fazer assembleia para eleição dos novos nomes.
A nova direção é composta por Carlos Coimbra como diretor-presidente. Jeferson Baggio Cavalcante é diretor-geral e Sueli Nogueira Telles a diretora-financeira. A nova diretoria fica até 2015.
O MPF (Ministério Público Federal) e a PF (Polícia Federal) também apuram irregularidades no hospital. Policiais cumpriram mandadas de busca no local, na casa de Adalberto e na clínica Neorad, que pertence ao médico.
Conforme a denúncias, Siufi fez manobra para manter contrato com a empresa Neorad, do qual é proprietário, e rendia, em média, R$ 3,1 milhões por ano. Pressionado pelo Conselho Curador, o contrato com a Saffar & Siufi Ltda (nome oficial da Neorad), que perdurava desde 2004, foi rescindido em agosto do ano passado.
Contudo, em março deste ano, sete meses depois, o Ministério Público recebeu a informação de que a sucessora no contrato foi a Siufi & Saffar Ltda. Apesar dos nomes invertidos, as empresas tem o mesmo quadro societário. O detalhe é que o contrato previa o pagamento do valor estipulado pelo SUS (Sistema Único de Saúde), mais acréscimo de 70%.
Uma força-tarefa, composta por técnicos do Ministério da Saúde, Governo do Estado e Prefeitura de Campo Grande está analisando a situação do hospital. Um dos pontos é a administração de medicamentos aos pacientes internados. Adalberto Siufi foi afastado também da área médica do hospital.
Finanças - Relatório apresentado pela direção mostra que entre os dias 21 de março e 30 de abril as despesas chegaram a R$ 2.029.838,93, enquanto as receitas foram de R$ 1.467.816,30. Só não houve prejuízo porque havia em conta R$ 665.224,15 e o saldo ficou em R$ 103.201,30.