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JULHO, QUARTA  17    CAMPO GRANDE 18º

Capital

Situação de famílias do “Carandiru” será discutida na próxima semana

Enquanto isso, moradores de condomínio invadido no Bairro Mata do Jacinto seguem sem luz, no sentido literal

Anahi Zurutuza | 03/07/2023 13:54
Emaranhado de fios e canos das ligações de luz e água dos apartamentos ocupados no "Carandiru". (Foto: Paulo Francis/Arquivo)
Emaranhado de fios e canos das ligações de luz e água dos apartamentos ocupados no "Carandiru". (Foto: Paulo Francis/Arquivo)

A situação das famílias que vivem em condomínio invadido no Bairro Mata do Jacinto será debatida na próxima semana. Audiência de instrução e julgamento do processo de reintegração de posse movido pela Construtora Degrau Ltda., responsável por erguer blocos que ficaram abandonados até a invasão, foi marcada para as 14h de segunda-feira, dia 10.

Enquanto isso, moradores dos apartamentos seguem sem ligação regular de energia. Desde que a Polícia Civil deflagrou a Operação “Abre-te Sésamo”, no dia 6 de junho, as famílias estão sem luz. A concessionária do abastecimento de energia em Campo Grande foi chamada na ocasião, identificou “gatos” e desligou todas as ligações para o edifício.

Ao longo desse mês, houve quem refizesse as conexões clandestinas, mas famílias vivem no improviso, como já mostrado em outras reportagens do Campo Grande News. A Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul pediu duas vezes no processo que a Justiça determinasse a religação da luz enquanto a situação não fosse resolvida definitivamente. Nenhuma decisão nesse sentido, porém, foi tomada.

Nesse meio tempo, a construtora também refez o pedido de “imediata reintegração de posse” na ação judicial, que tramita desde 2013. Na petição, protocolada exatamente às 16h48, dez horas após megaoperação policial “acordar” os moradores do “Carandiru”, a empresa cita a “Abre-te Sésamo” como motivo para juiz determinar o despejo.

Blocos de apartamentos foram invadidos em 2005. (Foto: Paulo Francis/Arquivo)
Blocos de apartamentos foram invadidos em 2005. (Foto: Paulo Francis/Arquivo)

A ocupação - Há 18 anos, três blocos inacabados de 16 apartamentos no Residencial Atenas, localizado na Rua Jamil Basmage, em bairro do norte de Campo Grande, ganharam o apelido de “Carandiru”. Em outubro de 2005, após a falência da Degrau, o condomínio foi invadido e passou a ser ocupado por cerca de 40 famílias, um total de 200 pessoas.

Na manhã daquela terça-feira, 6 de junho de 2023, quando moradores foram surpreendidos por mais de 200 policiais – um total de 321 agentes da polícia, perícia, assistência social e bombeiros – e até um helicóptero, os 16 apartamentos haviam sido subdivididos e transformados em 46.

A operação policial classificou o local como “fábrica de crimes”, com registro de venda de drogas, armas e até homicídios. Todas as moradias foram vasculhadas e dez pessoas levadas presas.

Defesa – Os defensores Regina Célia Rodrigues Magro e Carlos Eduardo Oliveira Souza questionam o empenho “repentino” dos órgãos de segurança em combater a criminalidade no local. Além das buscas e prisões feitas no “Carandiru” no dia 6, o Corpo de Bombeiros vistoriou e interditou o prédio constatando o óbvio, que a construção inacabada “não possui as medidas de segurança contra incêndio e pânico”. A Defesa Civil também condenou a estrutura.

Para a Defensoria, “a condução desastrosa da operação policial teve como desdobramento a violação da dignidade já fragilizada das famílias, ao acionar o Corpo de Bombeiros para realizar vistoria que interditou o local, gerando a notificação da Energisa para suspender o serviço de energia, deixando os moradores do Residencial Atenas sem o serviço essencial”.

Regina Célia e Carlos Eduardo levantam uma suspeita. “Quais interesses atenderam a interdição do local e suspensão do serviço de energia?”.

Defensores querem o indeferimento do pedido de reintegração de posse feito pela construtora, que a Energisa regularize as ligações de luz no local e que o TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) crie uma Comissão de Conflitos Fundiários para buscar uma solução para moradores.

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