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Cidades

Foragido há nove meses, empresário ainda age em esquema de corrupção, diz MP

Ricardo Rocamora continuou atuando em fraudes na cidade de Sidrolândia através de servidora efetiva

Por Lucia Morel | 03/04/2024 19:56
Policiais ao lado de empresa alvo da Operação Tromper em maio do ano passado. (Foto/Direto das Ruas)
Policiais ao lado de empresa alvo da Operação Tromper em maio do ano passado. (Foto/Direto das Ruas)

O empresário Ricardo José Rocamora, alvo da Operação Tromper desde a primeira fase, deflagrada em maio do ano passado - mas cujo mandado de prisão foi expedido apenas na segunda, em julho do ano passado - continua foragido e, mesmo assim, atuando no esquema de fraude em licitação na Prefeitura de Sidrolândia, a 74 km de Campo Grande. O vereador e ex-secretário de fazenda da cidade, Cláudio Jordão de Almeida Serra, o
"Claudinho Serra", foi preso ontem, sendo indicado como chefe do grupo criminoso, segundo o Ministério Público de Mato Grosso do Sul.

As investigações foram encaminhadas pelo Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção), que pertence ao MPMS, e identificaram atuação de Rocamora, dono de empresa que sempre ganha licitações na cidade vizinha, ainda em 2024, através da servidora efetiva do município presa ontem, Ana Cláudia Alves Flores, que já pediu prisão domiciliar à Justiça.

(...), mesmo foragido, Ricardo Rocamora continuou a ter a sua sócia, Ana Cláudia Alves Flores, no setor de licitações da Prefeitura de Sidrolândia, que trabalharia para ele, para Ueverton Macedo/"Frescura e para Milton Paiva”, revela a investigação, que cita ainda que ela, junto com o também servidor Marcus Vinícius Rossentini de Andrade Costa, “na chefia do setor licitatório (...), levaram adiante os planos do grupo, com diversas licitações e contratos favoráveis à organização nos últimos anos e, inclusive, no presente ano”.

O Gecoc identificou que através de "laranja" - mãe da servidora Roberta de Souza, também investigada - Ana e Ricardo se tornaram sócios na empresa Do Carmo Comércio Varejista e Serviços de Manutenção. Através dela, Rocamora venceu licitação para serviço de manutenção de ar condicionado, no valor de R$ 539.893,16, conforme publicação do Diário Oficial de Sidrolândia, em 17 de janeiro deste ano.

A mesma empresa ganhou ainda o Pregão Eletrônico 112/2023, tendo como objeto "futura e eventual aquisição de material de construção e ferragens", no valor de R$ 713.626,15, publicado no Diário Oficial em 18 de dezembro de 2023. “Tal empresa, conforme investigação do Ministério Público, não tem condições financeiras e técnicas para o fim a que se propõe”.

Isso porque funciona na residência da servidora pública Roberta de Souza, onde ela reside com a mãe, suposta proprietária da empresa. “Os investigados Cláudio Serra Filho e Ricardo Rocamora Alves, mesmo o primeiro tendo deixado o cargo de Secretário, e o segundo possuindo mandado de prisão em aberto, continuam atuando fraudulentamente no âmbito de licitações públicas da Prefeitura de Sidrolândia por meio de laranjas e de seus comparsas, alçando licitações que somadas alcançam valores milionários”, afirma o MP.

Vale ressaltar que o empresário, ao lado de Ueverton Macedo, o “Frescura”, desempenharia papel fundamental na organização criminosa, já que ambos, “sob o domínio de fato de Carlos Serra Filho, seriam quem financia os agentes públicos envolvidos, às custas dos recorrentes valores pagos Prefeitura de Sidrolândia”.

O MP, através do Gecoc, enfatiza ainda que Ricardo Rocamora não foi localizado durante o cumprimento de mandados de prisão nas primeiras fases da Operação Tromper e que “nem mesmo o Gaeco, com a sua maior estrutura investigativa, atuando neste caso, foi capaz de prendê-lo, até o momento”. O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) também faz parte da força-tarefa da operação.

Ainda assim, a defesa dele tentou relaxamento de prisão, em fevereiro deste ano, pretendendo que ao se apresentar à Justiça, ele não fique detido. O pedido foi negado em primeira e segunda instâncias.

Matéria editada às 15h24 de 04 de abril de 2024 para correção de informação.

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