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Cidades

Tromper teve "na mira" Name suspeito de usar verba pública em favor de vereador

Carmo Name Júnior é apontado pelo MP como "assessor" de Claudinho Serra, "líder" em esquema de corrupção

Por Lucia Morel | 03/04/2024 18:17
De camiseta vermelha, Carmo Name, que já foi dono de lava a jato, limpa avião. (Foto: Redes Sociais)
De camiseta vermelha, Carmo Name, que já foi dono de lava a jato, limpa avião. (Foto: Redes Sociais)

Carmo Name Júnior, de 38 anos, indicado pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul como "assessor direto" do vereador de Campo Grande, Cláudio Jordão de Almeida Serra, o "Claudinho Serra", na época que ele era secretário de Fazenda de Sidrolândia, foi um dos alvos da terceira fase da Operação Tromper realizada hoje na cidade vizinha e também na Capital.

Ele é da família Name, foco da Operação Omertà, de 2018. Não há informações confirmadas do grau de parentesco. Como assessor de Serra, fez pagamentos de dívidas particulares dele ou serviços realizados nas propriedades particulares do chefe com recurso público. Embora seja tratado pela investigação como assessor, o nome dele não consta no Portal da Transparência da Câmara de Campo Grande, onde Serra atuava até ontem.

O Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção) identificou que, ao menos em duas ocasiões, propinas foram usadas para pagar serviços em fazenda e na casa do vereador. Em 3 de janeiro do ano passado, Carmo Name Júnior enviou mensagens ao ex-servidor de Sidrolândia, Tiago Basso (alvo de outras duas fases da Tromper), perguntando sobre fornecedor de gerador de energia elétrica, e ele disse que a demanda já estaria sendo providenciada.

Na sequência, Carmo Name menciona que o gerador seria para atender necessidades particulares de Cláudio Serra Filho em sua propriedade rural”, ao que o pedido de prisão, busca e apreensão relatado pelo Gecoc e 3ª Promotoria de Justiça de Sidrolândia, completa que ao ser confirmado que o equipamento era para a fazenda do então secretário de fazenda de Sidrolândia, “Carmo Name envia captura de tela da conversa com o então secretário”.

Print de denúncia do MP mostra conversa de Claudinho Serra com Carmo Name. (Foto: Reprodução processo)
Print de denúncia do MP mostra conversa de Claudinho Serra com Carmo Name. (Foto: Reprodução processo)

Dias depois, em 26 de janeiro, novas mensagens mostram nota de ordem de serviço sobre locação de caminhão munck para transportar de Sidrolândia para Anastácio uma caixa d’água e o gerador. O serviço custou R$ 1.778,00 em relação ao caminhão e R$ 1.470,00 em relação ao gerador.

O pagamento foi feito em fevereiro do ano passado e, conforme o Gecoc, “há a inequívoca comprovação do pagamento de vantagem indevida em benefício do então secretário Cláudio Serra Filho, utilizando-se de terceiras pessoas (ocultação), feito pelo empresário Ricardo Rocamora, o qual envia três comprovantes de transferências bancárias, constatando-se que tais remessas se referiram às despesas/custos que atenderam às necessidades particulares de Cláudio Serra Filho”.

Em outro uso indevido de dinheiro público no pagamento de propina para serviços particulares de Serra, o Gecoc identificou que Name envia mensagens a Tiago Basso “para que o servidor agilizasse, por meio da empresa contratada pelo Município (empresa Rocamora), a manutenção de aparelho(s) de ar-condicionado na residência de Cláudio Serra Júnior”.

Basso encaminha mensagens a Ricardo Rocamora pedindo equipe para prestar serviços na casa de Serra Filho e enfatiza que o serviço seria acompanhado por Name Júnior. Rocamora questiona sobre qual licitação fraudada seriam emitidas as notas de empenho em favor de sua empresa e é informado que poderia ser a do contrato referente à manutenção do cemitério da cidade, cuja empresa responsável era a JL Serviços Empresariais e Comércio Alimentício Ltda, também parte do esquema de corrupção.

No dia seguinte, 11 de maio de 2023, a manutenção dos aparelhos na casa de Serra foi feita e Basso envia a Rocamora a nota de empenho falsificada, como tendo sido feito serviço à Prefeitura de Sidrolândia, mas que na verdade havia sido realizado na casa do ex-secretário de Fazenda da cidade. O valor da nota é de R$ 8 mil.

Nota de empenho fraudada. (Foto: Reprodução processo)
Nota de empenho fraudada. (Foto: Reprodução processo)

Diante do exposto, tem-se clara a vantagem indevida percebida pelo agente público Cláudio Jordão de Almeida Serra Filho; e a falsificação de documento público por ele dolosamente executada, a fim de 'pagar' o empresário já comprometido com os esquemas ilícitos de corrupção”, evidencia o relato do Gecoc.

Carmo - O vínculo de Carmo Name com a Prefeitura de Sidrolândia durou de fevereiro de 2022 a julho de 2023. Ele recebia R$ 3,2 mil como motorista do gabinete do Paço Municipal. O período “bate” com o de Claudinho Serra à frente da Secretaria Municipal de Fazenda, Tributação e Gestão Estratégica de Sidrolândia, que durou entre janeiro de 2022 e maio de 2023, quando assumiu a vereança em Campo Grande.

Há ainda em nome dele o Lava Jato do Turquinho, com página no Instagram com publicações ativas entre janeiro e junho de 2021. O empreendimento estava localizado no bairro Santo Antônio e em imagem postada, Carmo Name aparece lavando até avião.

Nesta quarta-feira (3), a reportagem tentou contato com Jamilson Name, mas não atendeu às ligações.

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