Prestes a deixar cadeia, vereador vira réu acusado de destruir provas
Idenor Machado, que deve sair hoje da prisão beneficiado por habeas corpus, foi denunciado por atrapalhar a Operação Câmara Secreta em 2011; denúncia foi aceita neste mês
O ex-presidente da Câmara de Dourados e atual vereador afastado Idenor Machado (PSBD) se tornou réu acusado de destruir provas durante a Operação Câmara Secreta. Em 2011, a operação desvendou um esquema criminoso envolvendo empréstimos consignados fraudulentos no Legislativo douradense.
Acusado de comandar um esquema milionário de cobrança de propina durante os seis anos que presidiu o Legislativo e preso na Operação Cifra Negra, Idenor deve ganhar liberdade ainda hoje após passar um mês na PED (Penitenciária Estadual de Dourados).
O habeas corpus, estendido ao também vereador Pastor Cirilo Ramão (MDB), foi concedido ontem pela 1ª câmara criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul. O alvará de soltura foi assinado no fim da tarde pela desembargadora Elizabeth Anache.
Câmara Secreta – Em outubro de 2017, o promotor e Justiça Ricardo Rotunno entrou com ação civil pública pedindo a condenação de Idenor Machado por improbidade administrativa e ao pagamento de reparação por danos morais coletivos e multa somando R$ 669 mil.
Segundo a denúncia, enquanto presidente da Câmara em 2011, Idenor teria determinado a exclusão de dados do sistema mediante a utilização do software CCleaner, para impossibilitar o acesso do MP às informações que comprovariam a prática dos crimes apurados pela Operação Câmara Secreta.
Desencadeada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), a operação desmantelou o esquema fraudulento que envolvia vereadores e servidores do Legislativo douradense.
O golpe consistia em falsificar holerites para fazer empréstimos consignados que não eram pagos. O ex-presidente da Casa Sidlei Alves, o ex-vereador Junior Teixeira e servidores foram presos e condenados pelo crime.
Conforme a denúncia, agora transformada em ação na Justiça, após a prática ser descoberta, Idenor Machado teria determinado a exclusão de dados solicitados pelo MP dos sistemas de informação da Câmara, para dificultar a comprovação dos ilícitos. Idenor presidiu a Câmara de Dourados de 2011 até dezembro de 2016.
Em outubro de 2017, quando a denúncia foi apresentada, Idenor negou ter mandado destruir provas. Disse que sequer tinha assumido a vaga na Câmara quando os fatos vieram à tona.
A ação por improbidade administrativa tramita na 5ª Vara Cível de Dourados após o juiz Cesar de Souza Lima aceitar a denúncia, no dia 4 deste mês.