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Interior

Produtores fazem tratoraço contra invasões e cobram audiência com Riedel

Protesto ocorre nesta sexta; área reivindicada por indígenas é de um terço do município de Douradina

Por Helio de Freitas, de Dourados | 16/08/2024 11:19


Produtores rurais do município de Douradina, a 190 km de Campo Grande, promovem “tratoraço” nesta sexta-feira (16) para protestar contra as ocupações de terras. Nos últimos 30 dias, confrontos entre seguranças contratados pelos sitiantes e indígenas deixaram ao menos 14 pessoas feridas, algumas por tiros de munição letal.

Atualmente, os guarani-kaiowá ocupam pelo menos sete propriedades na área identificada em 2011 como “Território Panambi Lagoa Rica”, de 12,1 mil hectares, cujo processo de demarcação foi suspenso pela Justiça Federal.

Na madrugada de hoje, os produtores saíram em carreata pelo perímetro urbano da cidade de 5.5678 habitantes. Depois, se concentraram em frente à sede da prefeitura (veja o vídeo acima).

Em nota oficial divulgada nas redes sociais, o movimento cobra audiência com o prefeito Jean Sergio Clavisso Fogaça (PSDB) e com o governador Eduardo Riedel.

“Somos 325 famílias de pequenos produtores rurais, pedindo audiência com o prefeito de Douradina e com o governador do Estado para, juntos, encontrarmos uma solução no campo, a fim de cessar as invasões. Temos título definitivo do Governo Federal há mais de 80 anos e precisamos de paz e defesa do direito à propriedade privada para iniciarmos os trabalhos de campo e produzirmos o alimento da cidade”, afirmam, na nota.

Os sitiantes afirmam que do total de área reivindicada pelos indígenas (12,1 mil hectares), em torno de 10 hectares mil ficam no município de Douradina e 2 mil no município de Itaporã. Levando em conta que o município de Douradina tem cerca de 280 quilômetros quadrados, a área em disputa representa um terço desse território.

Viatura da Polícia Militar no local onde produtores fazem protesto (Foto: Divulgação)
Viatura da Polícia Militar no local onde produtores fazem protesto (Foto: Divulgação)

Ataques – No dia 14 de julho deste ano, afirmando estarem cansados de esperar a demarcação da terra, grupos indígenas ocuparam três áreas, elevando para sete o número de propriedades “retomadas” nos últimos anos.

No mesmo dia houve confronto com sitiantes e um indígena ficou ferido na perna. Os produtores acusam a comunidade indígena de mentir sobre o suposto ferimento por tiro.

As novas ocupações causaram reação dos produtores rurais. Apoiados pelos deputados federais Rodolfo Nogueira e Marcos Pollon, ambos do PL de Mato Grosso do Sul, os sitiantes montaram acampamento a poucos metros de uma das “retomadas”.

Três semanas depois, supostamente incentivados pelos produtores, seguranças privados contratados pelos atuais proprietários das terras teriam atacado um dos acampamentos. Dez indígenas ficaram feridos, sendo cinco com mais gravidade. Um deles levou tiro de munição “não letal” na cabeça e ficou internado por três dias.

No dia 5 deste mês, a desembargadora federal Audrey Gasparini, do TR3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região), derrubou a ordem de reintegração de posse de uma das propriedades ocupadas.

No dia seguinte, a ministra dos Povos Indígenas Sonia Guajajara esteve em Douradina e conversou com os guarani-kaiowá e com os produtores. Ela prometeu esforço para resolver o impasse sobre a demarcação e pediu o fim dos ataques. “Cada um está no seu direito de reivindicar, mas não vai ser com briga, com armamento e ataque que vai resolver”, disse ela.

Para evitar novos confrontos, a Força Nacional de Segurança Pública triplicou o efetivo na área. Há uma semana, representantes da comunidade indígena de Douradina foram recebidos em Brasília pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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