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Cidades

Por esquema, obras com problemas foram concluídas no afogadilho

Aline dos Santos | 24/07/2015 14:27
Na mira da CGU, MS-430 foi inaugurada em primeiro de dezembro. (Foto:  Juliano Salles)
Na mira da CGU, MS-430 foi inaugurada em primeiro de dezembro. (Foto: Juliano Salles)

Inaugurada em dezembro do ano passado, a MS-430 ainda não estava pronta e recebeu serviços de última hora para dar uma “enganada”. A situação foi reflexo da correria que reinou na Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos) para que vultosos contratos fossem concluído até 31 de dezembro, quando chegaria ao fim o mandato do governador André Puccinelli (PMDB).

A pressa é retratada nas gravações da operação Lama Asfáltica, realizada em 9 de julho pela PF (Polícia Federal), que investiga esquema de favorecimento envolvendo empreiteiras, servidores e parte da cúpula da gestão passada.

Conforme a PF, entre novembro e dezembro de 2104, o gerente de Obras Viárias da Agesul, Hélio Yudi Komiyama, recebeu orientações dos superiores hierárquicos de dentro do governo para que fossem concluídas todas as obras em andamento, sob pena dos prestadores de serviços ficarem sem receber.

Segundo a investigação, os empresários queriam pagamento, os servidores da Agesul tentavam se livrar das “pendengas” e as estradas, por sua vez, ficaram, parcialmente inacabadas. Com a operação, Hélio foi afastado por decisão judicial.

Em 25 de novembro, cinco dias antes da inauguração, Hélio e Romulo Tadeu Menossi, engenheiro que coordena as obras em andamento na Proteco, conversam sobre a “enganada”. Romulo cita que o lote 1 deve ser finalizados do dia 4 em diante. Eles decidem pedir que uma equipe, aparentemente da própria secretaria, faça limpeza, roce e, principalmente, aplique cal. “É, tem que caiar. Aí a caiação dá uma enganada. Viu?, afirma Romulo.

Com valor de R$ 70 milhões e 54 km de extensão, a MS-430 liga São Gabriel do Oeste a Rio Negro. Três lotes foram executados pela Proteco Construções Ltda, empresa de João Amorim, apontado como o “cabeça” do esquema. Ao todos, foram contratos de 53,2 milhões para execução de 39 km. A CGU (Controladoria-Geral da União), que também participa da Lama Asfáltica, já encontrou irregularidades em um dos lotes.

Em março, MS-040 já tinha remendos (Foto: Arquivo)
Em março, MS-040 já tinha remendos (Foto: Arquivo)

Cuidado, buraco! - A investigação da Polícia Federal suspeita de ocorrência de fraudes envolvendo medições sem datas, dados incorretos e reprogramações desnecessárias na MS-040. Os contratos serão analisados pela CGU .

Também inaugurada em dezembro do ano passado, a MS-040 teve investimento de R$ 300 milhões para ligar Campo Grande a Santa Rita do Pardo. O trecho de 210 quilômetros foi dividido em dez lotes. Os de número 1 e 2 foram executados pela Proteco, ao custo de R$ 45,3 milhões.

Em meados deste ano, a rodovia já tinha remendos, menos de seis meses após a inauguração.

As obras foram para na lista dos contratos investigados pela operação, focada somente em recursos federais, porque foi financiada pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Lama - A operação Lama Asfáltica, deflagrada em 9 de julho, cumpriu 19 mandados de busca e apreensão em Campo Grande. As ações foram na mansão do ex-secretário estadual de Obras, Edson Giroto; na residência do empresário João Amorim (dono da Proteco), Seinfra (Secretaria Estadual de Infraestrutura) e empresas. Foram apreendidos 100 mil dólares, três mil euros, R$ 210 mil em espécie e R$ 195 mil em cheques.

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