Funcionários da Omep e da Seleta ameaçam acampar em frente ao Fórum
Terceirizados prometem mais protestos contra demissão em massa
Depois de fecharem ruas do centro de Campo Grande para manifestar a indignação com as demissões, funcionários da Omep e da Seleta prometem fazer no início da semana mais protestos. O grupo, de cerca de 300 pessoas, marcou novo encontro para as 8h de segunda-feira na praça do Rádio Clube.
De lá, os manifestantes pretendem caminha até ao Paço Municipal, na avenida Afonso Pena e depois acampar em frente ao Fórum, na rua Barão do Rio Branco.
Trabalhadores afirmam que sabiam que mais cedo ou mais tarde seriam demitidos, mas estão indignados com a determinação judicial de rompimento imediato dos convênios com a Organização Mundial para a Educação Pré-escolar e Seleta Sociedade Caritativa e Humanitária, motivo da demissão em massa.
Ninguém foi demitido ainda e a incerteza é que deixou trabalhadores revoltados. “No final do ano eles fazem isso? Como fica o Natal? Quem vai pagar as nossas contas? O juiz? O Bernal?”, questionou Roseli dos Santos, 36, durante protesto na manhã deste sábado (17) na praça Ary Coelho. Ela trabalha há dez anos como recreadora em Ceinfs (Centros de Educação Infantil) e ingressou na rede municipal de ensino pela Seleta.
Os terceirizados para creches, escolas e outras unidades educacionais da Prefeitura de Campo Grande, além dos ligados à assistência social, não sabem quando serão desligados formalmente, se receberão o 13º salário, o “acerto”, como passarão o Natal sem dinheiro e se terão emprego no próximo ano.
Rompimento – Na tarde desta sexta-feira (16), a prefeitura publicou no Diário Oficial do Município o anúncio do rompimento imediato dos convênios com a Omep e com a Seleta, entidades que terceirizavam mão de obra e serviços para a administração municipal, mas que se afundaram em denúncias relacionadas à contratação de “fantasmas” e desvios de dinheiros dos cofres municipais.
Por meio do comunicado oficial, o Executivo municipal também proíbe que os terceirizados tenham “acesso a toda e qualquer repartição pública, onde desempenhavam suas funções”.
A pedido do MPE (Ministério Público Estadual), o juiz David de Oliveira Gomes Filho, da 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, determinou na quinta-feira (15) o rompimento dos contratos.
A decisão foi tomada três dias depois que força-tarefa comandada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) deflagrou a Operação Urutau e prendeu três pessoas – dentre elas a presidente da Omep, Maria Aparecida Salmaze – ligadas a suposto esquema de desvio de dinheiro dos cofres municipais por meio das entidades classificadas pelo MP como “indústria de fantasmas”.
Também foram cumpridos 14 mandados de busca e apreensão e sete de condução coercitiva.
Para substituir os 4 mil demitidos, o MPE recomendou que a prefeitura faça contratos temporários com trabalhadores que ocupem cargos em unidades que oferecem serviços essenciais. O prefeito eleito Marquinhos Trad (PSD) estuda a alternativa.