Todos funcionários fantasmas foram indicados pela Prefeitura, afirma Seleta
Prefeitura encaminhava lista com os nomes e cargos que os funcionários iam ocupar; Convênio foi classificado pelo Gaeco como "indústria de funcionários fantasmas"
Todos os 4,3 mil funcionários que prestavam serviço para a Prefeitura de Campo Grande através do convênio com a Omep-MS (Organização Mundial para Educação Pré-Escolar - Mato Grosso do Sul) e a SSCH-CG (Seleta Sociedade Caritativa e Humanitária - Campo Grande) era indicados pelo Executivo Municipal, inclusive os considerados "fantasmas", afirma o membro do departamento jurídico da Seleta, Ricardo Barros.
De acordo com ele, quando a Prefeitura solicitava contratação de pessoal, já encaminhava uma lista com os nomes e cargos que cada um ia ocupar. "Quando eles pediam merendeira, por exemplo, já vinha a lista de nomes para a gente contratar, mas quem tinha a responsabilidade de fiscalizar ser as pessoas estavam trabalhando era a Prefeitura", ressaltou.
Na avaliação da entidade, isso prova que as irregularidades investigadas pelo o MPE (Ministério Público do Estado) são de responsabilidade do Executivo Municipal, uma vez que os funcionários eram lotados e remanejados pela Prefeitura. "Eles eram de responsabilidade da Prefeitura. Não cabe a nós saber a função que estão exercendo, cabe a eles. Nós recebemos apenas por serviço prestado".
O convênio foi classificado pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), como "indústria de funcionários fantasmas". As investigações internas devem durar de 4 a 5 meses, de acordo com a Seleta.
Presas - Durante a operação do Gaeco, denominada Urutau, deflagrada no dia 13 de dezembro, Ana Cláudia Pereira da Silva, que atuaria como chefe do departamento pessoal na Seleta, e Kelly Ribeiro Pereira, coordenadora da creche Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, tiveram a prisão temporária decretada a pedido do Gaeco. Além da presidente da Omep-MS, Maria Aparecida Salmaze.
Segundo Ricardo, as funcionárias da Seleta estão demitidas e as supostas irregularidades cometidas por elas serão investigadas internamente. "Na minha interpretação estão fora da Seleta. Também vamos descobrir o motivo pelo qual a Kelly recebia bonificações", disse se referindo a suposto pagamento de bonificação para a funcionária Kelley por serviços prestados de forma irregular.
Ele disse que todas as supostas irregularidades que envolvem funcionários ou membros da Seleta serão investigadas internamente e que caso sejam comprovadas os responsáveis podem levar uma advertência ou serem expulsos da organização.
"Se for seletiano por levar uma advertência ou ser expulso. Também terá que devolver o dinheiro, caso se provado o desvio", declarou.
Ricardo declarou que já constataram que houve corrupção dentro da instituição, mas que ainda não sabem quais os crimes e quem estava envolvido. "O nome da Seleta foi usado para corrupção, mas ainda não sabemos o que foi feito e vamos descobrir".
Funcionários - Os 4,3 mil funcionários que estão automaticamente demitidos, de acordo com Ricardo. Ele explica que todos eram contratados por meio do convênio com a Prefeitura de Campo Grande e como a Justiça determinou a extinção do convênio a demissão é automática.
"Estamos esperando o repasse para pagar todos eles, os que cabem a Seleta. Nós não temos responsabilidade sobre esses funcionários e dependemos do dinheiro da Prefeitura para fazer o repasse. A Prefeitura é responsável", destacou.
Ele disse ainda que nenhuma rescisão foi assinadas e os terceirizados devem receber o valor refente inclusive aos dias que ficaram parados até a rescisão. Por meio da Justiça o Executivo Municipal está proibido de realizar qualquer repasse para as organizações.