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Interior

"Frescura" volta para a cadeia por suspeita de comprar votos para prefeita

De acordo com o MP, mesmo de tornozeleira Frescura atuava em esquema de compra de votos para Vanda Camilo (PP)

Por Jhefferson Gamarra | 26/10/2024 11:58
Dinheiro em espécie apreendido pelo Ministério Público em uma das casas alugadas em nome de Frescura às vesperas da eleição (Foto: Divulgação)
Dinheiro em espécie apreendido pelo Ministério Público em uma das casas alugadas em nome de Frescura às vesperas da eleição (Foto: Divulgação)

Velho conhecido da Justiça, o empresário Ueverton da Silva Macedo, 35 anos, o "Frescura", foi preso novamente na última sexta-feira (25), pela terceira vez, suspeito de comandar esquema de compra de votos que beneficiava a prefeita de Sidrolândia, Vanda Camilo (PP), que não conseguiu sua reeleição no pleito deste ano.

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Ueverton da Silva Macedo, conhecido como "Frescura", foi preso novamente em Sidrolândia por envolvimento em um esquema de compra de votos que beneficiava a prefeita Vanda Camilo. A prisão preventiva, decretada pela Justiça, foi motivada por novas evidências que demonstram a continuação das atividades ilícitas de Frescura, mesmo sob monitoramento eletrônico. A Operação Vigília, realizada às vésperas da eleição, apreendeu listas com valores supostamente repassados por Frescura a eleitores, além de celulares, veículos e R$ 75 mil em espécie. A investigação revelou a participação de Frescura em práticas ilícitas, incluindo a manipulação de agentes públicos e a manutenção de uma rede de corrupção na cidade, o que coloca em risco a ordem pública e justifica sua prisão.

A Justiça acatou o pedido de prisão preventiva feito pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) devido a novas evidências que demonstram a continuidade de suas atividades ilícitas, mesmo sob a supervisão de tornozeleira eletrônica.

Os promotores do Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção) argumentaram que Frescura violou as condições de sua liberdade ao se envolver novamente em atividades criminosas relacionadas à administração pública. O juiz Fernando Freitas da Silva, da Vara Criminal de Sidrolândia, atendeu ao pedido dos promotores, decretando a prisão de Frescura após a Operação Vigília, deflagrada no dia dia 4 de outubro, às vésperas da eleição.

Durante a operação, que visava investigar a compra de votos na campanha da atual prefeita, foram apreendidas listas com valores que Frescura supostamente teria repassado aos eleitores. Entre os materiais recolhidos, estava uma agenda contendo anotações com valores, incluindo R$ 3 mil associados a uma assessora da prefeita e R$ 10 mil relacionados a vereadores locais. Os promotores destacaram que dois imóveis de alugados por Frescura foram utilizados como pontos de coleta e distribuição de dinheiro para a compra de votos.

Nas buscas, foram apreendidos diversos celulares, veículos dos investigados e o valor aproximado de R$ 75 mil em espécie, além de lista de eleitores e cabos com valores anotados. Apenas em uma residência, havia uma lista com 900 nomes, ao lado de valores, que variavam entre 150 e 500 reais. Também foram encontrados santinhos eleitorais.

Frescura já era réu em diversos processos por corrupção, peculato e organização criminosa, tendo sido preso anteriormente em operações relacionadas a desvios na gestão pública de Sidrolândia, ao lado do genro da prefeita Cláudio Jordão de Almeida Serra Filho, o Claudinho Serra. Em investigações da “Operação Tromper”, Frescura movimentou mais de R$ 10 milhões, conforme evidenciado por quebras de sigilo bancário.

Ueverton da Silva Macedo, conhecido como ‘Frescura’, sorri ao deixar unidade prisional em abril deste ano (Foto: Henrique Kawaminami)
Ueverton da Silva Macedo, conhecido como ‘Frescura’, sorri ao deixar unidade prisional em abril deste ano (Foto: Henrique Kawaminami)

Apesar de já ter recebido liberdade sob monitoramento eletrônico, seu comportamento mostrou que ele não se absteve de interagir com a administração pública, o que levou o juiz a afirmar que a manutenção de sua liberdade representava um risco à ordem pública.

A operação trouxe à tona a suposta conivência de Frescura com figuras da administração local, indicando um esquema estruturado para garantir a continuidade de Vanda Camilo no poder. O relatório do Ministério Público destaca que a participação de Frescura em práticas ilícitas não se limitava ao seu envolvimento pessoal, mas se estendia à manipulação de agentes públicos e à manutenção de uma rede de corrupção na cidade.

“Como se denota, Ueverton, mesmo apropriadamente intimado das medidas cautelares a que deveria se ater, continuou se envolvendo em atividades correlatas à Administração Pública, utilizando de sua influência para imiscuir-se em assuntos relacionados à gestão municipal”, ressaltou o juiz Fernando Freitas da Silva na decisão que decretou o retorno de Frescura para o regime fechado.

Frescura foi preso às 11h40 da última sexta-feira (25) em Rochedo. Ele passou por audiência de custódia e permanece na delegacia local aguardando transferência para uma unidade prisional.

A atual prefeita de Sidrolândia apontada como beneficiária direta do esquema de compra de votos, foi procurada pela reportagem, mas até o momento não se manifestou sobre as acusações do Ministério Público. A defesa de Frescura não foi encontrada. O espaço segue aberto para manifestação de ambos.

Dinheiro, arma e santinho apreendidos durante a operação do GAECO (Foto: Divulgação)
Dinheiro, arma e santinho apreendidos durante a operação do GAECO (Foto: Divulgação)


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