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Capital

Defesa de Luna diz que réu sofreu "excesso acusatório" e "pressão da mídia"

Defesa também coloca em dúvida se o chute desferido por Luna teria causado morte de Brunão

Silvia Frias e Geisy Garnes | 01/12/2021 13:33
Advogado José Belga Trad durante sustentação oral da defesa de Cristhiano Luna (de branco). (Foto: Paulo Francis)
Advogado José Belga Trad durante sustentação oral da defesa de Cristhiano Luna (de branco). (Foto: Paulo Francis)

Excesso acusatório, possível erro no socorro ou fatalidade, além da pressão da mídia fazem parte da linha de defesa adotada pelos advogados de Cristhiano Luna da Silva, que está sendo julgado pela morte do segurança Jefferson Bruno Escobar, em 2011.

Cristhiano Luna está sendo julgado novamente pela morte do segurança, que morreu no dia 19 de março de 2011. O 1º júri, em que foi condenado a 14 anos de prisão, foi anulado.

O advogado José Belta Trad começou a fazer a sustentação oral à defesa de Luna, réu por homicídio e injúria racial. Disse que ele foi perseguido desde que foi preso e recordou um episódio em que foi reconhecido em restaurante. “Ficaram gritando ‘assassino’, ‘assassino’, sem nem o rapaz sequer ter ido à júri”.

José Trad falou que, ao ser retirado da casa noturna, Cristhiano Luna chutou a esmo, o que foi corroborado pelas imagens mostradas no vídeo das câmeras de segurança. “Como podia prever que um desses chutes iria acertar a região da costela, que não poderia ser atingida e que essa fratura na costela iria causar a morte”. O advogado acrescentou: “Sem previsão não há dolo, nem culpa”.

O advogado diz que não havia como Luna saber que Brunão estava passando mal, sendo denúncia leviana, já que nem os colegas do segurança perceberam em primeiro momento. “A condenação do Cristhiano por homicídio será o maior erro judicial de Campo Grande". A mãe de Brunao, Edcelma Vieira, até começou a ouvir a defesa, mas deixou o plenário.

Mesmo citando o chute e a fratura, José Trad diz que o golpe não teria sido suficiente para causar lesão grave e citou a tese de que a massagem cardíaca pode ter agravado a situação, ao fazer com que os ossos dos arcos costais perfurassem o pulmão de Brunão, causando a insuficiência respiratória.

Também cita depoimentos que rebatem a versão de que Luna teria dado joelhada no peito do segurança.

Cristhiano Luna ao responder o juiz no julgamento. (Foto: Paulo Francis)
Cristhiano Luna ao responder o juiz no julgamento. (Foto: Paulo Francis)

Na continuidade da defesa de Luna, foi a vez do advogado Fábio Trad Filho, citando o “julgamento da mídia”. Lendo as manchetes dos jornais da época, avaliou que eram “raivosas”, intensificando a opinião pública contra o réu.

"Não queiram vocês, senhores, serem alvo da raivosa mídia. Ela destrói vida, destrói reputação", disse. "Se não fosse a mídia, este processo seria de lesão corporal dolosa".

Fábio Trad Filho também negou a versão de que Cristhiano Luna era lutador de jiu-jitsu, como foi divulgado à época. Na sustentação, o promotor Bolívar Vieira, concordou que os movimentos feitos por ele na brigão não são de lutador. Trad Filho alega que ele chutou a esmo, para se defender. “Soco no peito é invenção da acusação.

O advogado também mostrou o que seria o “modus operandi” dos seguranças da casa noturna, citando seis depoimentos de pessoas que enfrentaram problemas com eles.

Para ele, a Valley Pub também tem responsabilidade pela morte de Brunão, pois consta na ação trabalhista contra a empresa que eles não tinham treinamento para primeiros socorros.

Para a defesa, a massagem cardíaca pode ter causado a morte do rapaz. “Ninguém imaginou que ele estava com a costela quebrada ou não teriam feito a massagem cardíaca, acharam que ele estava infartando".

Por fim, disse que, caso os jurados acreditem que Cristhiano Luna seja responsável pela morte, é preciso concordar com a tese de legítima defesa, pelo medo de ser agressão. "Caso se define em uma palavra, fatalidade. Ele jamais, jamais quis matar".

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