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Capital

“Está nas mãos de Deus”, afirma prima de Brunão sobre 2° julgamento

A família espera que Luna seja novamente condenado pela morte do segurança, que aconteceu em 2011

Geisy Garnes | 29/10/2021 16:42
Mayara, prima de Brunão, reza e pede por Justiça no primeiro júri do caso (Foto: André Bittar)
Mayara, prima de Brunão, reza e pede por Justiça no primeiro júri do caso (Foto: André Bittar)

Pela segunda vez, a família de Jefferson Bruno Gomes Escobar, o Brunão, se prepara para assistir ao julgamento do homem que tirou a vida do segurança há dez anos, em Campo Grande. Após anos de batalha por justiça, de frustrações e expectativas, a esperança se concentra em uma nova condenação para Cristhiano Luna de Almeida, de 34 anos.

Jefferson, o Brunão, era segurança da Valley, casa noturna na Avenida Afonso Pena e morreu no dia 19 de março de 2011, aos 23 anos, quando tentava retirar Cristhiano do local por importunar um garçom. A discussão evoluiu para agressão física, a vítima recebeu um chute e não resistiu. Tudo foi filmado.

Desde o início, Mayara Gonçalves, prima de Brunão e advogada, acompanhou o caso. A investigação na delegacia e os trâmites judiciais, descobriu até que Cristiano estava descumprindo as medidas restritivas que garantiam sua liberdade em 2017, o que na época fez o rapaz voltar para a prisão. Agora, ela se apega a fé para esperar pelo novo júri, que acontece no dia 1° de dezembro.

“Até agora o Senhor nos acompanhou, estive a par de cada trâmite processual e na parte da delegacia também, tenho certeza de que após 10 anos esse júri vai acontecer novamente e teremos uma nova condenação, assim como na primeira vez confiei em Deus o resultado, a condenação veio, tenho certeza que nessa segunda vez ela virá novamente”, afirmou.

Para Mayara, essa é a única maneira da família ter paz. Ao longo dos anos, a avó paterna e o pai de Brunão morreram, em 2015 e 2018, sem ver o fim da história. “Assim meu primo, minha avó e meu tio vão poder descansar em paz, pois faleceram aguardando a Justiça ser concretizada”.

Ao pensar em voltar para o plenário do Tribunal do Júri, Mayara revive todos os sentimentos que teve durante os dez anos do caso. “Eu já passei por um período de muita revolta, descrença, tristeza, depressão inclusive. Hoje me sinto tranquila em dizer que lutei o que podia. Até hoje foi comigo, agora é com Ele, está nas mãos de Deus, literalmente”.

Desde vez, Cristhiano Luna será julgado por homicídio simples, e não qualificado como na primeira condenação. Os recursos da defesa em instância superior derrubaram o motivo torpe e o recurso que dificultou a defesa para vítima, circunstâncias que agravavam a pena. Por isso, conforme a legislação brasileira, não existe possibilidade da pena se aproximar dos 17 anos e 6 meses de prisão, em regime fechado, da sentença dada em novembro de 2017.

“A pena, pensando na dosimetria, vai ser menor, infelizmente, mais uma condenação independente da pena nos representa vitória. Eu espero que ele seja condenado”.

Cristhiano Luna durante julgamento em novembro de 2017 (Foto: André Bitar)
Cristhiano Luna durante julgamento em novembro de 2017 (Foto: André Bitar)

Réu - Antes de ir a júri popular, Luna aguardava o veredito em liberdade, mas voltou a ser preso em 30 junho de 2017, depois de ser flagrado em um bar descumprindo assim uma das medidas impostas pela Justiça a ele de não sair à noite, nem beber.

Cristhiano já foi condenado a dois anos e seis meses de reclusão por ter agredido gravemente um homem, no Parque de Exposições de Campo Grande, em 2009. Em setembro de 2019, foi para a prisão domiciliar e, depois, monitorado por tornozeleira eletrônica, estando agora em liberdade até o dia do júri.

Além do crime de homicídio, vai responder também por injúria racial. Esse foi, segundo consta a investigação, o motivo inicial da briga entre Brunão e Luna. Segundo a denúncia, o rapaz passou a mão no garçom e ainda disse: “preto, negueba do Flamengo, vocês são todos cambadas de vagabundo, sua cara não nega, olha a cara de malandro”.

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