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Cidades

TRF3 vê suspeição de juiz e anula atos de processos contra Giroto

Relator no Tribunal Regional citou que juiz Bruno Cezar da Cunha Teixeira teve atuação a favor da acusação

Adriel Mattos | 14/12/2021 18:15
Edson Giroto durante entrevista na prisão, em 2018. (Foto: Paulo Francis/Arquivo)
Edson Giroto durante entrevista na prisão, em 2018. (Foto: Paulo Francis/Arquivo)

A 5ª Turma do TRF3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região) decidiu, por unanimidade, declarar a suspeição e afastar o juiz Bruno Cezar da Cunha Teixeira, da 3ª Vara Federal de Campo Grande, do julgamento dos processos em que o ex-deputado federal e ex-secretário de Estado de Obras Públicas, Edson Giroto, é réu na Operação Lama Asfáltica.

A defesa de Giroto sustentou que, em pelo menos dois dos processos, Teixeira foi bastante incisivo contra o político. Quando confrontado, o magistrado rejeitou se afastar dos casos.

Em seu voto, o relator da exceção de suspeição, desembargador Paulo Fontes, apontou que o juiz federal teve atuação pendendo para a acusação, o que acabou prejudicando a defesa dos acusados, segundo a decisão do TRF, que afastou o juiz dos casos.

Assim, Fontes votou para afastar Teixeira e remeter os processos para um juiz federal substituto e, por consequência, anula todos os atos decisórios e instrutórios a partir da decisão de recebimento da denúncia. Ou seja, as ações voltam ao ponto inicial, mesmo aquelas em que houve condenação.

Os demais membros da 5ª Turma concordaram com o magistrado e votaram para afastar o juiz da 3ª Vara.

“Em relação às informações prestadas em habeas corpus, reconhece-se um empenho do magistrado, maior do que usualmente se observa, em defender o seu ponto de vista e a correção de suas decisões, prestando informações em dezenas de páginas, a revelar possivelmente estado de espírito excessivamente apegado às convicções iniciais formadas e pouco permeável ao contraditório”, escreveu.

Fontes prosseguem citando que, em uma das audiências, Teixeira fez mais de 40 perguntas, após a Procuradoria não apresentar perguntas a uma das testemunhas. “O juiz esforça-se em colher elementos confirmatórios das fraudes, tomando a si o papel que caberia ao Ministério Público. Assim se verificou também nos outros depoimentos em que o magistrado assume o protagonismo das oitivas”, pontuou.

O Campo Grande News procurou o advogado Daniel Bialski, que defende Giroto, mas seu escritório informou que ele estava indisponível no momento. O espaço segue aberto.

A Operação Lama Asfáltica foi deflagrada em 2014 pela PF (Polícia Federal), para apurar suspeitas de fraudes e superfaturamentos em licitações e contratos de obras públicas durante a gestão do ex-governador André Puccinelli (MDB). Na época, Giroto era titular da Secretaria de Estado de Obras Públicas.

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