Policial diz que áudio com nome de Marcel Colombo era sobre investigação
Everaldo Monteiro admitiu conhecer os Name, mas que não tinha qualquer relação com o crime
“O nome é Marcel Hernandes Colombo”. A gravação que, segundo o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) coloca o policial federal Everaldo Monteiro de Assis como cúmplice da morte do “Playboy da Mansão” seria lembrete de pedido de investigação feito por delegado, amigo dele.
A justificativa foi apresentada pelo policial federal nesta terça-feira (17), no depoimento prestado durante o julgamento dos quatro réus, entre eles, o PF, da morte de Colombo.
Everaldo de Assis se apresentou aos jurados. Contou que entrou na Polícia Federal em janeiro de 1990 e trabalhou no setor de inteligência, vinculado a operações desenvolvidas com a DEA (Drugs Enforcement Administration), departamento americano antidrogas.
O áudio com a voz do PF foi encontrado no decorrer da Operação Omertà, que investigou a ação de milícia comandada por Jamil Name (falecido) e Jamil Name Filho, o Jamilzinho.
Segundo o policial, o áudio tinha relação com conversa que teve com o delegado Claudineis Galinari, com quem já havia trabalhado e mantinha relação de amizade.
De acordo com depoimento, Galinari havia perguntado a Assis se ele havia participado da operação que culminou na prisão do “Playboy da Mansão”, em dezembro de 2017, por importação ilegal de mercadorias.
Assis disse que não. Galinari explicou que recebeu denúncia, de uma mulher no Paraná, que ecstasy “patrocinado por Marcel Colombo deu problema na Holanda”, o que poderia ser fio condutor de investigação. O policial federal disse que iria buscar informações sobre o caso e repassar ao delegado. Por isso, a gravação do áudio.
O policial federal também tinha justificativa para o envelope em que estava escrito “Bob”, o que seria outro codinome usado por Jamilzinho. Assis disse que se tratava de policial lotado em São Paulo e que ajudou em investigação de homicídio.
Contato – Everaldo de Assis disse que conheceu a família Name em 2018, quando acompanhou policial em um condomínio para entregar documento ao, então, senador Delcídio do Amaral. No local, sem encontrar o parlamentar, o material foi entregue à vizinha para que ela repassasse. Era Tereza Name, que estava acompanhada de Jamil Name e Jamil Name Filho.
A relação ficou mais próxima quando fez a segurança do juiz federal aposentado Odilon de Oliveira, que havia se candidato ao governo de MS pelo PDT, também em 2018. Passou a ir nas churrascadas promovidas por Tereza Name.
Diz que tinha contato esporádico com Jamil Name. “Ia uma vez ou outra, ele mandava a Tereza ligar, ela falava ‘dá um pulo aqui, Jamil quer tomar cerveja e conversar contigo”.
Trabalho – O policial também explicou o papel do informante na investigação, questionamento que a defesa dele fez em vários momentos do julgamento. “Tem informante que foi bandido, tem informante que é bandido, mas quer alguma coisa em troca e tem quem queira dinheiro”.
Diz que o filho de Fahd Jamil, Flavio Correia Jamil Georges, foi informante depois da morte de Jorge Rafaat, em junho de 2016. Na época, a intenção dos empresários e produtores da região de fronteira era entregar qualquer um que fosse do PCC (Primeiro Comando da Capital). Hoje, Flavinho, como é conhecido o filho de “Fuad”, está foragido, sendo considerado um dos líderes de outra organização que age na fronteira.
O promotor Moisés Casarotto perguntou se o uso de polígrafo, o detector de mentiras é usado em todos os estados americanos. O policial respondeu que sabe do procedimento no DEA.
No fim, ao ser questionado pela defesa sobre o trabalho, falou “combates” travados e que fazem parte do ofício. “Se tive que matar algúem? Em combate, em combate: você tem que se defender, matar para não morrer”.
O policial federal é acusado de participar do plano de execução da morte de Marcel Colombo, sendo o responsável por reunir informações do alvo. Os outros réus são Jamil Name Filho, o Jamilzinho, e os ex-guardas civis Marcelo Rios e Rafael Antunes Vieira.
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