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Capital

"Maior matança de MS" era referência sobre morte de Rafaat, diz Jamilzinho

Jamil Name Filho diz que frase de morte de "picolezeiro a governador" foi momento infeliz

Por Silvia Frias e Dayene Paz | 17/09/2024 15:39
Jamil Name Filho, direto de Mossoró, prestou depoimento no julgamento, realizado em Campo Grande (Foto: Paulo Francis)
Jamil Name Filho, direto de Mossoró, prestou depoimento no julgamento, realizado em Campo Grande (Foto: Paulo Francis)

O empresário Jamil Name Filho, o “Jamilzinho” voltou a justificar a frase que marcou a Operação Omertà, dita em conversa pelo WhatsApp. “Sai a maior matança da história do MS (...) de picolezeiro a governador”. Hoje, a classificou como um momento infeliz, mas que se referia à situação na região de fronteira de Mato Grosso do Sul.

“Fui infeliz de falar, foi falada em estado de inconsciência”, disse Jamilzinho nesta tarde (17), durante o depoimento prestado ao titular da 2ª Vara do Tribunal do Juri, Aluizio Pereira dos Santos, no julgamento em que é réu pela morte de Marcel Costa Hernandes Colombo, o “Playboy da Mansão”.

Ele é o primeiro réu a prestar depoimento no julgamento. Sobre a polêmica frase, Jamilzinho repetiu quase a mesma justificativa dada em outro júri, o da morte do estudante Matheus Coutinho Xavier, caso em que foi condenado como mandante do homicídio.

Novamente, disse que se submeteu a cirurgia bariátrica e tomava medicamento de transtorno de ansiedade, que passou a usar de forma compulsiva e com cerveja, depois que o remédio passou a não surtir efeito.

Jamilzinho não quis estar presencialmente no júri (Foto: Paulo Francis)
Jamilzinho não quis estar presencialmente no júri (Foto: Paulo Francis)

Porém, naquele período, disse que conversava com a ex-mulher e se referiu ao que aconteceu na fronteira desde a morte de Rafaat, quando a guerra de facções foi deflagrada. “Lá virou México da América do Sul”. A ligação com a execução, ocorrida em junho de 2016, não tinha sido feita no julgamento anterior, em julho de 2023.

No depoimento, Jamilzinho respondeu a várias perguntas do juiz. Disse que havia contratado os ex-guardas civis Marcelo Rios e Rafael Antunes Vieira para trabalharem na casa dele, para ajudar a mãe, Tereza Name, em serviços administrativos. Porém, não tinha qualquer relação pessoal com eles e desconhecia informações pessoais. “Nem sabia que o Marcelo tinha ex”.

Negou conhecer Juanil Miranda ou o policial federal Everaldo Martins. Sobre José Moreira Freixe, disse que foi ele o contratado para trabalhar no escritório da família, mas, assim como os outros dois, não tinha contato pessoal. Todos os citados foram denunciados pela morte de Marcel Colombo, mas somente quatro estão sendo julgados em Campo Grande.

Jamilzinho é acusado de ser o mandante do crime, executado com auxílio dos outros três réus: os ex-guardas civis Marcelo Rios e Rafael Antunes Vieira e o policial federal Everaldo Monteiro de Assis. Ainda há uma quarta participação, a de Juanil Miranda, que seria o pistoleiro que matou Colombo a tiros, mas está foragido e o processo para ele foi desmembrado. A denúncia foi extinta para Jamil Name e José Moreira Freire, o "Zezinho", que morreram.

A vítima foi executada à queima-roupa em um bar de Campo Grande, na madrugada de 18 de outubro de 2018. O amigo, Tiago do Nascimento Brito, ficou ferido

Marcel Colombo foi executado à queima-roupa, em novembro de 2018 (Foto/Reprodução)
Marcel Colombo foi executado à queima-roupa, em novembro de 2018 (Foto/Reprodução)

Gelo - Sobre o “entrevero” com Marcel Colombo, afirmou que aconteceu em março de 2013, depois que se separou, diferentemente do que consta na denúncia, de que o incidente teria ocorrido em 2016.

Jamilzinho contou que estava recém-separado, tinha 36 anos, “por fora de tudo, querendo retomar a vida, se divertir, ir na casa de amigos e frequentar lugares que nunca tinha frequentado”.

O empresário foi até casa noturna na Avenida Afonso Pena com grupo de amigos. Por volta das 2h30 viu quando Marcel Colombo entrou na boate e foi para o camarote atrás do grupo dele, que estava vazio.

Colombo passou a brincar com as mulheres que estavam no camarote de Jamilzinho. “Elas riam e diziam ‘para, para’”. Depois disso, relata que virou para trás e perguntou se o rapaz queria alguma coisa. “Ele falou ‘não, não’, fazia uns gestos assim, não sei, parecia que estava drogado, estava possuído”, lembrou.

Na terceira intervenção de Marcel Colombo, Jamilzinho afirma que foi encharcado com gelo. “Me afastei de onde ele estava e falei ‘pô, vai tomar no seu c* rapaz, chega’”. Depois disso, na versão dele, Colombo teria tentado lhe dar soco no nariz e pegou de raspão. Conta que, embora não tenha acertado em cheio, acabou sangrando.

Os seguranças da casa noturna retiraram Colombo da casa. Quem auxiliou foi o ex-policial militar Paulo Roberto Teixeira Xavier, o PX, que trabalhava para os Name.

Jamilzinho alega que, ao sair da casa noturna, também foi agredido por segurança, quase desmaiou, brigou com o homem e, depois, foi embora.

O reencontro com Marcel Colombo aconteceu cerca de 60 dias depois, em um bar de Campo Grande. Jamil Name Filho conta que chegou com amigos em uma mesa onde, por coincidência, o rapaz também estava.

Um amigo de Jamilzinho teria sido interceptado por Colombo, que perguntou se era uma boa ideia falar com ele e pedir desculpas. “Vai lá, é um cara da paz”, teria dito o amigo, conforme relato prestado pelo réu.


“Ele não me estendeu a mão, falou em pé, eu fiquei sentado onde estava”, afirmou Jamilzinho. Marcel teria dito que não sabia quem era ele no dia do incidente e pediu desculpas.

Na versão do réu, respondeu: "A gente vive em mundos diferentes, eu continuo vivendo no meu, você, no seu”. Depois disso, olhou bem para Colombo e completou “Isso se encerra aqui, acabou aqui”. Temos depois, contou, ainda se viram na fila de outra casa noturna e teriam se cumprimentado à distância.

Atentado – Sobre o plano de matar o “Playboy da Mansão” dentro de presídio, afirmou que é até “uma falta de ética” com funcionários da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) a denúncia que teria oferecido R$ 50 mil a servidor para execução. “Não sabia que entrava pistoleiro na Agepen, isso aí é delírio”.

Também respondeu com desdém sobre a apreensão de taco de beisebol com arame farpado, instrumento que teria sido usado para coagir casal a entregar imóvel a ele. A casa, segundo investigação, foi usada como depósito de armas da milícia comandada por ele.

“Essa história chega a ser cômica”. O caso, conforme a vítima, teria ocorrido em 2015, mas afirma que o taco foi comprado em 2018, pelo filho de 11 anos, sendo adorno de parede alusivo à série The Walking Dead. “O senhor José Carlos imaginou um taco em 2015”.

Também considerou absurda veracidade de bilhete atribuído a um detento da Penitenciária Federal de Mossoró, que teria anotado plano de execução dele e do pai, Jamil Name. O detento tinha relação amistosa com eles e chegou a ajudar o “Velho” a lembrar do horário da medicação.

Jamilzinho acredita que o preso assumiu autoria do bilhete sob tortura, quando o homem foi levado à sede da Garras (Delegacia de Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros). “Esse bilhete eu classifiquei como uma farsa tão grande, inclusive pelo depoimento do réu, esse delegado Peró quem institucionalizou pau de arara na Garras, isso aí vai ser provado”.

Essa não é a primeira vez que Jamilzinho acusa o delegado Fábio Peró, tendo recorrido a denúncia contra Peró no julgamento do caso Matheus Coutinho.

Em entrevista anterior ao Campo Grande News, o delegado Fábio Peró, que integrou força-tarefa e trabalhou para denunciar grupo comandado por Jamil Name, classificou as acusações feitas por ele e outros réus como “fantasia e desespero”.

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