Morte de menininha motivou eleitores a votar em conselheiros tutelares
Caso motivou eleitores a escolher representantes comprometidos com a proteção de crianças
Neste domingo, dia 1º de outubro, ocorrem as eleições para conselheiros tutelares em todo o Brasil. Em Campo Grande, um caso de comoção nacional tem gerado impacto nas escolhas dos eleitores. A morte trágica da menina de apenas 2 anos, em janeiro de 2023, motivou muitos a comparecerem às urnas em busca de representantes comprometidos com a defesa dos direitos das crianças.
A criança era vitima de maus-tratos da mãe Stephanie de Jesus Dada Silva, 24 anos, e de padrasto Christian Campoçano Leitheim, 25 anos. Ela foi levada já sem vida pela mãe à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Bairro Coronel Antonino, com traumatismo na coluna cervical e evidências de violência sexual. O laudo de necropsia confirmou que a criança foi vítima de abuso sexual não recente.
O caso trouxe à tona questões sobre a frequência com que criança visitava unidades de saúde, indicando uma história de possível negligência dos conselheiros tutelares que atuavam na região. Além disso, o pai da menina, Jean Carlos O'campo, que é casado com Igor de Andrade, alegou que tentou obter a guarda da criança, mas a homofobia ex-companheira teria sido um dos obstáculos.
Os eleitores, cientes da importância do papel dos conselheiros tutelares na proteção das crianças, expressaram sua preocupação e determinação em votar por candidatos comprometidos com a causa.
Zenaide Farias de Matos, de 56 anos, ficou chocada com o caso e fez questão de votar nas eleições deste ano. A dona de casa era vizinha da menina morta e só ficou sabendo da tragédia após grande repercussão em jornais.
“A gente vem votar na esperança que isso melhore, porque está complicado. A pessoa que ganhar tem que correr atrás das denunciais, o caso da menina chocou a gente, eu particularmente era vizinha da mãe e fiquei sabendo da história toda pela televisão”, comentou.
Apesar de ser religiosa, a professora Maria Bernadete da Silva Pavão, de 59 anos, enfatizou a necessidade de conselheiros com uma abordagem laica, considerando que a homofobia foi um dos fatores que resultaram na morte da menina, vitima da própria mãe e do padrasto.
“Esse é um dos grandes motivos pelo que estou aqui, fiz campanha, tentei alertar as pessoas, porque é um poder que temos, mas tem que ser um voto consciente e com a percepção de que essas pessoas que estarão no conselho tutelar precisarão ter a laicidade necessária, não levar para um lado só a questão da criança e família. Não tenho nada contra a religião, sou religiosa, mas a mãe da menininha não quis entregar a criança porque o pai era homossexual, então temos que melhorar a qualidade das pessoas que estão defendendo nossas crianças”, opinou a professora.
Além do caso especifico da menina de 2 anos, Adriana Bianchini, técnica de enfermagem de 47 anos, enfatizou que inúmeros casos de violência contra crianças a influenciaram a votar pela primeira vez.
"Os casos de violência contra crianças que vêm ocorrendo impactaram bastante para a gente votar. Escolhi uma pessoa de confiança, que trabalha com criança. Eu conheço o trabalho dela e por isso depositei meu voto", frisou.
A morte da menina, que gerou comoção nacional serve como um lembrete trágico da importância de eleger conselheiros tutelares comprometidos com a proteção das crianças e da necessidade de garantir um ambiente seguro para todas as crianças, independentemente de sua origem familiar.
O papel dos conselhos tutelares - Os conselhos tutelares são órgãos responsáveis por atender crianças e adolescentes que possam ter direitos violados ou ameaçados, orientar pais e responsáveis, além de viabilizar serviços nas áreas de saúde, educação, trabalho e segurança pública. Eles funcionam no âmbito municipal e foram criados em 1990, pelo ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). A principal atribuição do órgão é ouvir e acompanhar denúncias da população sobre violação de direitos de crianças e adolescentes.
O mandato dos conselheiros tutelares é de quatro anos, com a posse ocorrendo em janeiro do próximo ano. Os escolhidos seguirão no cargo até o início de 2027.
Votação - Para participar da eleição do Conselho Tutelar, os eleitores precisam estar em situação regular com a Justiça Eleitoral. É necessário comparecer a um dos 56 pontos de votação em Campo Grande, levando o título de eleitor e um documento oficial com foto, como RG, CNH, passaporte ou Carteira Profissional.
O horário de votação é das 8h às 17h. Qualquer denúncia relacionada ao processo eleitoral deve ser comunicada imediatamente ao CMDCA, pelo telefone 2020-1204 ou pelo e-mail cmdcacampogrande@gmail.com..
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