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Capital

Defesa de PF convoca "tropa de choque" de policiais para depoimento em júri

Antigos colegas e conhecidos falaram sobre trabalho feito na PF por Everaldo Monteiro de Assis

Por Silvia Frias e Dayene Paz | 17/09/2024 12:21
Jamil Name Filho (no alto, à direita) acompanha o depoimento de testemunha (Foto: Henrique Kawaminami)
Jamil Name Filho (no alto, à direita) acompanha o depoimento de testemunha (Foto: Henrique Kawaminami)

A defesa do policial federal Everaldo Monteiro de Assis convocou “tropa de choque” de policiais para prestar depoimento no julgamento em que ele é acusado de participar da execução de Marcel Costa Hernandes Colombo. Nos depoimentos, relatos do desempenho de Assis no trabalho investigativo e no contato com os informantes.

Os depoimentos estavam previstos para o período da tarde, mas foram adiantados depois da dispensa de testemunhas.

O primeiro a falar foi o policial federal aposentado João Rogério Silveira, que foi chefe de Assis dos anos 1990 até 2008. Relatou que trabalharam juntos no serviço de inteligência, com levantamento de dados, monitoramento de alvos e reconhecimento de campo.

O policial citou que, nas investigações feitas em conjunto com DEA (Drugs Enforcement Administration), departamento americano antidrogas, as equipes passam regularmente pelo detector de mentiras. Relembrou operações em que Assis trabalhou na apreensão de drogas em Campo Grande e dos contatos que Assis mantinha em diversos órgãos policiais.

Advogado Jail Azambuja, que defende o policial federal Everaldo Monteiro, questiona testemunha (Foto: Henrique Kawaminami)
Advogado Jail Azambuja, que defende o policial federal Everaldo Monteiro, questiona testemunha (Foto: Henrique Kawaminami)

O advogado Jail Azambuja perguntou se é comum ter nos telefones os contatos de informantes, questionamento estendido às outras testemunhas hoje. A resposta é que antigamente era mais comum recorrer a essas pessoas, mas hoje a investigação se baseia em dados mais técnicos. Os contatos ainda existentes passaram a ser guardados nos telefones funcionais.

Silveira enfatizou que manteve contato com o réu somente até 2008, enquanto tiveram relação profissional na PF.

Por telefone, a segunda testemunha foi o delegado aposentado da Polícia Civil, José Eduardo Rocha, que estacionou e prestou depoimento de dentro do carro, direto de Maringá (PR). Diz ter conhecido Everaldo Monteiro entre 2015/2016 e diz que o PF fazia trabalho de investigação.

O próximo depoimento foi do policial federal Antônio Ranieri de Queiróz Magalhães, ainda na ativa, na chefia do núcleo de operações. Assis é subordinado dele, mas está afastado das funções, operando na “atividade fim, que, no fim das contas, prende e algema”.

O policial também exaltou a desenvoltura com informantes. “Ele era muito bom em se infiltrar, em fazer amizade, tanto de um lado quanto do outro, ele era recrutado [na PF]”, disse.

Promotores Moisés Casarotto e Luciana Rabelo, durante júri (Foto: Henrique Kawaminami)
Promotores Moisés Casarotto e Luciana Rabelo, durante júri (Foto: Henrique Kawaminami)

Neste depoimento, houve leve embate entre o advogado Jail Azambuja e o promotor Moisés Casarotto.

Depois dos questionamentos de Azambuja, o promotor perguntou se o policial tinha conhecimento que Everaldo Monteiro tinha sido condenado, em 2º grau, por organização criminosa, com pena de 11 anos de prisão e perda do cargo. A testemunha disse que sim.

O advogado pediu para retomar as perguntas, Casarotto chegou a dizer que a parte dele havia acabado, sendo rebatido por Azambuja. O juiz da 2ª Vara do Tribunal do Juri, Aluizio Pereira do Santos permitiu a pergunta. “O senhor tem conhecimento que, neste mesmo processo, Everaldo foi absolvido em primeira instância?”. Magalhães respondeu que sim.

O último depoimento, também remoto, foi do policial civil Fernando Soares, lotado em Mundo Novo. Disse que o réu foi apresentado como policial federal de “extrema confiança na região” e que o último contato que tiveram foi em 2018, quando apreenderam caminhão de droga.

Everaldo Monteiro de Assis é acusado de homicídio qualificado. Segundo a denúncia do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), ele era o responsável de levantar informações sobre Marcel Colombo, "o alvo da vez" do grupo de milícia comandado por Jamil Name e Jamil Name Filho.

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