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Capital

Delegadas que atenderam jornalista assassinada e chefe são removidas da Deam

Alterações foram feitas para a "prevalência do interesse público sobre o interesse privado", diz publicação

Por Lucia Morel, Silvia Frias e Fernanda Palheta | 27/03/2025 09:03
Delegadas que atenderam jornalista assassinada e chefe são removidas da Deam
Delegada Elaine Cristina Ishiki Benicasa, ex-titular da Deam, ao centro. (Foto: Henrique Kawaminami)

Delegadas que realizaram o atendimento direto à jornalista Vanessa Ricarte, assassinada a facadas pelo ex-noivo em 12 de fevereiro deste ano, foram removidas da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher). A titular da unidade também foi transferida, conforme publicação no Diário Oficial de Mato Grosso do Sul desta terça-feira (27).

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Delegadas que atenderam a jornalista Vanessa Ricarte, assassinada pelo ex-noivo, foram removidas da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) em Campo Grande. A decisão, publicada no Diário Oficial de Mato Grosso do Sul, inclui a titular Elaine Benicasa e as delegadas Riccelly Donha e Lucelia Oliveira. As mudanças ocorrem após apuração da Corregedoria, que não encontrou irregularidades no atendimento a Vanessa. O governo estadual planeja reformular protocolos e compartilhar a gestão da Casa da Mulher Brasileira para melhorar o acolhimento às mulheres.

Das três que saíram da delegacia, apenas Riccelly Maria Albuquerque Donha foi removida “ex-officio”, ou seja, sem que ela tenha solicitado a remoção. Assinada pelo delegado-geral da polícia civil, Lupersio Degerone Lucio, a portaria que formaliza a saída considera que “é dever da administração superior da Polícia Civil analisar as necessidades da instituição, primando pela prevalência do interesse público sobre o interesse privado, promovendo as modificações e adequações necessárias ao bom andamento dos trabalhos, levando-se em conta, o perfil de cada servidor e também a demanda do trabalho de cada Unidade Policial.”

A pedido, foi removida a delegada Lucelia Constantino de Oliveira, que assim como Riccelly Maria, prestou atendimento direto à jornalista entre os dias 11 e 12 de fevereiro. A portaria indica que ambas passarão a atuar em uma das duas Depacs (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) de Campo Grande. Riccelly Maria também foi a responsável pelo atendimento de outra jornalista agredida pelo ex-namorado, Phillipe Eugenio Calazans de Sales, de 38 anos.

Já a ex-titular da Delegacia da Mulher da Capital, Elaine Cristina Ishiki Benicasa, também foi removida a pedido e dentro de dois dias, começará a cumprir funções na Delegacia Geral da Polícia Civil.

Outras duas delegadas foram designadas para atuar na Deam, que funciona dentro da Casa da Mulher Brasileira, no bairro Jardim Imá: Cynthia Karoline Bezerra Gomes Tapias e Lais Mendonça Alves. Ambas atuavam na Depac e foram transferidas diante dos mesmos argumentos usados para a remoção de Riccelly Maria, ou seja, “prevalência do interesse público sobre o interesse privado”.

No último dia 14 de março, a delegada Cecilia Fleury Jube Leal havia sido nomeada na Deam. Ela atuava na Delegacia de Polícia Civil de Aparecida do Taboado, cidade a 457 quilômetros de Campo Grande. Com as mudanças, a delegacia mantém o quadro de 11 delegadas, mas no momento, sem nomeação de titular.

Ainda fazem parte do quadro de delgadas da Deam: Patrícia Peixoto Abranches; Stella Paris Senatore; Analu Lacerda Ferraz; Larissa Franco Serpa; Karolina Souza Pereira; Marianne Cristine de Souza; Karen Viana de Queiroz; Rafaela Brito Sayao Lobato e Fernanda Barros Piovano, que é a delegada adjunta.

Delegadas que atenderam jornalista assassinada e chefe são removidas da Deam
Secretário de justiça e segurança pública, Antônio Carlos Videira. (Foto: Gabriela Couto)

Sobre as trocas, o secretário de justiça e segurança pública, Antônio Carlos Videira, disse que houve sim um apelo emocional para que fossem realizadas e ponderou que após a apuração da Corregedoria, é justo que a Deam seja “oxigenada”. “Elas já tinham pedido isso (para sair), e agora que terminou a apuração pela Corregedoria, nada mais justo do que você oxigenar, dar oportunidade para outras pessoas que se voluntariaram a ir para lá ajudá-las”, comentou.

Caso - Na semana passada, a Corregedoria da Polícia Civil concluiu análise do atendimento feito à Vanessa e não identificou desrespeito aos protocolos. A decisão final ainda não foi publicada. Áudios da jornalista enviado a amigos antes de ser assassinada foram divulgados dois dias após a morte e causaram comoção social e questionamentos em relação aos serviços prestados pela delegacia.

O atendimento foi posto em xeque e o Governo de Mato Grosso do Sul chegou a admitir falhas. Com isso, ficou definido, entre outras mudanças, que haverá gestão compartilhada da Casa da Mulher Brasileira, entre o Estado e a Prefeitura da Capital, que até então gerenciava sozinha a unidade.

O Executivo Estadual defendeu ainda, diante da repercussão, que é preciso reformular protocolos, para facilitar a comunicação entre os diversos serviços que funcionam na Casa e haver mais acolhimento às mulheres que procuram atendimento.

Ontem, questionado sobre quando o Governo do Estado irá indicar um coordenador para dividir a gestão, o governador Eduardo Riedel (PSDB) garantiu que o nome sairá nos próximos dias. “O vice-governador [Barbosinha] está tratando disso, ele tem me comunicado das decisões, ele tem carta branca e liberdade para tomar a decisão que for, escolher a pessoa que for. A pessoa está quase escolhida. Esse fim de semana ele vai continuar as conversas e definir”, disse.

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